Prosimetron

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quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Albert Camus & Maria Casarès

Paris: Gallimard, 2017
€32,50

Albert Camus e Maria Casarès encontraram-se em casa de Michel Leiris, em 19 de março de 1944, por ocasião da representação-leitura de Désir attrapé par la queue de Pablo Picasso. A atriz, originária da Corunha e filha de um antigo presidente do conselho da República espanhola, exilado em Paris em 1936, tinha então 22 anos. Ela começou a sua carreira de atriz em 1942 no Théâtre des Mathurins, ao mesmo tempo que Albert Camus publicava L'Étranger e Le Mythe de Sisyphe na Gallimard. Albert Camus vivia então só em Paris. Devido à guerra, estava afastado de sua mulher Francine, professora em Oran. Camus entregou a Maria Casarès o papel de Martha na sua peça Le Malentendu, em junho de 1944. Na noite do desembarque na Normandia iniciaram uma relação que ela interrompeu por achar que não tinha futuro. Quatro anos mais tarde, voltaram a encontrar-se e ficaram juntos até à morte de Camus, em 1960.
Durante todo este tempo escreveram-se. É esta correspondência cruzada, inédita, de mais de 800 cartas (1300 p.), que é hoje publicada em França. 
«Quand on a aimé quelqu'un, on l'aime toujours» - disse Maria Casarès muitos anos depois da morte de Camus - «lorsqu'une fois, on n'a plus été seule, on ne l'est plus jamais».


6 comentários:

APS disse...

Ao que dizem, terá sido a Mulher da vida de Camus. Se calhar, alguma influência terá tido o facto de a mãe do Escritor ser de origem espanhola...
Bom dia!

MR disse...

Gostei muito de ler as memórias de Maria Casarès e vou tentar ler esta correspondência que, que dizem o L'Obs e o Libération, é muito boa.
Bom dia!

bea disse...

Não entendi se o tempo todo em que se escreveram corresponde aos 4 anos de separação, se a todo o tempo em que durou a relação. O que também não é fundamental para a compreensão do post.
Creio que tiveram sorte. Puderam escrever-se talvez livremente. Começaram alguma coisa. Interromperam. Recomeçaram. Durou. Que podiam pedir mais?
Pergunto-me sempre se é lícito expôr assim aos olhares do mundo a intimidade de duas vidas. Mesmo que já mortas. Vividas. E não sei responder.

MR disse...

Ainda não li o livro, mas parece-me que durante esses quatro anos em que estiveram separados não tiveram contacto nem se corresponderam.
Só depois de ler esta correspondência, direi algo sobre o seu terceiro parágrafo. Quando li as memórias de Maria Casarès, procurei se haveria alguma correspondência editada. Parece que ela é importante para a obra de ambos, dela como atriz e dele como escritor.
A edição é da filha de Camus, Catherine Camus.
Bom dia!

Rui Luís Lima disse...

A publicação da correspondência de Camus e Maria Casarés oferece-nos a oportunidade de conhecermos melhor o escritor e a actriz. Sempre que leio volumes que nos oferecem a Correspondência de um escritor ou o Diário termino sempre por ficar a conhecer melhor os autores de que gosto. Sucedeu isso com a correspondência de Proust (tenho lido vários volumes) e os Diários de Kafka e Virginia Woolf. E confesso que tenho enorme curiosidade em ler a correspondência de Sollers para a Dominique Rolin, assim como a de Durrell e Miller.
Muito bom dia!

MR disse...

Concordo consigo. Gosto muito de diários, autobiografias e memórias.
Hei de ler esta correspondência e talvez procure a de Sollers e Dominique Rolin, que desconhecia que estava publicada.
Bom dia!