Prosimetron

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sábado, 24 de agosto de 2013

Os meus franceses - 287

Léo Ferré faria hoje 97 anos.

Boa noite!

Bases de copos - 21


É só escolher...


A casa de Conan Doyle


A casa do criador de Sherlock Holmes, em Undershaw, esteve em risco. 


Onde me apetecia estar






A 1100 metros de altitude, na 47ª edição do Festival de La Chaise-Dieu, um dos mais antigos certames musicais de França e que está entre os 10 primeiros da Europa. O cenário principal continua a ser a bela abadia gótica de Saint Robert de la Chaise-Dieu, e este ano o tema é a ligação entre a música e a água, com evocações de compositores e os seus rios ( Schumann e Wagner para o Reno, mas também o barroco David Perez, de quem o nosso João Mattos e Silva falou há dias, para o Tejo ). Os intérpretes são sempre os melhores, dos veteranos como o Misha Maisky até às novas gerações.

De 21 de Agosto a 1 de Setembro.    www.chaise-dieu.com

Citações



(...) Na verdade, a introdução do euro que, em teoria, deveria promover a rápida convergência das economias e a harmonização social no espaço da União Económica e Monetária, produziu, na última década, o efeito exatamente contrário. Acentuou as divergências de competitividade, os desequilíbrios macroeconómicos e a fragilidade das economias periféricas. De facto, criou mesmo uma divisão Norte-Sul dentro da zona euro, agravando tensões e ressentimentos que põem em causa o relativo equilíbrio geopolítico europeu. Se esta outra fronteira, que agora se insinua, se tornasse real, então tudo seria ainda muito mais difícil. Na Europa e no outro lado do Mediterrâneo.

- Luís Amado, na VISÃO desta semana, p.15.

Novidades


" Será possível escrever uma História da Literatura Portuguesa anterior a 1900 que inclua as mulheres? Ou, dito de outro modo : será possível falar de escritoras antes da contemporaneidade? "

Uma das interrogações de Vanda Anastácio, organizadora desta interessante antologia publicada na Relógio D'Água.

Humor pela manhã



Uma das amizades mais improváveis de François Mitterrand foi seguramente a de Jean d'Ormesson,  aristocrata, grande escritor, grande conversador. Para se ter uma ideia da confiança recíproca apesar de tudo o que os dividia, basta dizer que foi ele quem Mitterrand escolheu ter consigo nas suas últimas horas no Palácio do Eliseu, das 9 às 11h da manhã do dia de Maio de 1995 em que se deu a posse de Chirac.
E é o escritor quem conta esta deliciosa história, que além do mais pode ser pedagógica se algum leitor vier a ocupar algum alto cargo :

Il y a une histoire de Mitterrand que j'adore. Un camarade socialiste lui dit : " Je t' ai toujours tutoyé, ça ne te gêne pas que je continue? " Et Mitterrand lui aurait répondu : " Mais c' est tout naturel, faites comme vous voulez ! "


Bom dia !

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Bases de copos - 20

Frente e verso.

Boa noite!

Parabéns a Rita Pavone que faz hoje 68 anos.

Á descoberta da música portuguesa antiga

Canção de Amigo do rei Dom Dinis, cuja música também lhe é atribuída, cantada pelo Grupo de Câmara de Compostela. ( Cancioneiro da Biblioteca Nacional 566, Cancioneiro da Vaticana 169).
Tirado de MPMP.


Adivinha


Qual é a casa do prosimetronista que dentro em breve vai ter dois residentes iguaizinhos a estes?

25 anos do incêndio do Chiado


Entre as 15h00 de amanhã, sábado, e as 24h00 de domingo a Baixa-Chiado vai sofrer alguns condicionamentos de trânsito devido a um conjunto de iniciativas comemorativas dos 25 anos do incêndio do Chiado. Exposições de fotografias, visita à obra dos Terraços do Carmo, lançamentos de livros e até um exercício de simulacro de incêndio vão animar aquela zona de Lisboa, recordando assim uma grande tragédia ocorrida a 25 de agosto de 1988 que destruiu oito hectares de área, 18 edifícios, desalojou cinco famílias (no total de 21 pessoas), deixou duas mil desempregadas, fez dois mortos (um residente e um bombeiro) e mais de meia centena de feridos. Como curiosidade, refira-se que os jornalistas do extinto jornal O Século - que funcionava na Rua Augusta - fizeram a edição dedicada ao incêndio à luz de velas e de petromax. 

Internet e tristeza

Andamos mais pelas redes sociais e pela blogosfera quando estamos tristes? E sentimo-nos pior depois de ir ao Facebook? Como não tenho Facebook não sei se isso realmente acontece, ficar mais triste por lá andar e ler os posts dos amigos. Quanto a navegar pela blogosfera, isso faço-o por vários motivos; profissionais, por curiosidade, pelo acaso... Mas não me lembro de o fazer mais intensamente pelo facto de estar triste. Ficarei atento, nas próximas vezes. Não sei se com os meus colegas de blogue e com os nossos leitores se passa o mesmo, mas gostaria de saber. Vem isto a propósito de mais um estudo divulgado por um grupo de investigadores da Universidade do Michigan, que diz que o uso das redes nos torna mais infelizes. Será?

O lírio

Lírios de Louis Van Houtte

THE LILY

The modest Rose puts forth a thorn,
The humble sheep a threat'ning horn:
While the Lily white shall in love delight,
Nor a thorn nor a threat stain her beauty bright.

William Blake

Prémio criado na América

http://asphs.net/prizes/ahdeoliveiramarques.html

CALL FOR SUBMISSIONS:  The Oliveira Marques Prize for Best Article on Portuguese History Published in 2012

Nunca se é profeta na própria terra.

http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?pid=S1645-64322007000200014&script=sci_arttext

A google faz uma chamada de atenção para A. H. de Oliveira Marques


"Palavra perfeita"

PALAVRA

Rasa ao chão te olho caída.
A chuva por ti entrou,
e a neve em ti se afundou.
Ventos te trazem despida.

Tens no olhar a luz parada,
como quem está vivo e actua.
Mas não segues sol nem lua.
Estrela nenhuma é tocada.

No que a meu sangue respeita,
estás de todo o elemento
saturada e satisfeita.

Sim, para ti tem de existir 
uma palavra perfeita.

Gerrit Acterberg (1905-1962), in Uma Migalha na Saia do Universo, Antologia da Poesia Neerlandesa do Século Vinte. Lisboa: Assírio e Alvim, 1997 (Selecção e introdução de Gerrit Komrij, trad. de Fernando Venâncio ) Edição bilingue, p.75.

A morte só nos retira o convívio


É extraordinário sabermos todos que devemos morrer... e vivermos todos como se tivéssemos a certeza de viver para sempre.
Francesco Guicciardini 1483-1540, historiador Florentino

Sim, a morte é um contra-senso. A morte não é natural. O natural é viver e querer viver. Mas enquanto houver um pessoa que nos recorde... então não morremos ainda!

A 6 de Janeiro de 2007, A. H. de Oliveira Marques, historiador português, tomou a decisão de se deixar operar ao coração, depois de ver, pela enésima vez, o filme Il Gattopardo, de Luchino Visconti (1963).



Morreu no começo da operação, a 20 de Janeiro de 2007, em consequência da anestesia, embora a morte física só tivesse sido declarada a 23 de Janeiro. Faria hoje 80 anos

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Boa noite!

Para o JAD, que gosta muito de Macau.


Bases de copos - 19


História interessante, elenco de luxo


O MORDOMO, baseado no argumento de Danny Strong e do realizador nomeado a um Oscar® da Academia Lee Daniels (Precious; The Paperboy), é inspirado no artigo de Wil Haygood publicado no Washington Post sobre um Afro-Americano que serviu como mordomo (Forest Whitaker) a sete Presidentes na Casa Branca, por mais de trinta anos. A partir deste ponto de vista único, O MORDOMO traça as mudanças dramáticas que abalaram a sociedade Americana, desde o movimento pelos Direitos Civis, até à Guerra do Vietname, e a forma como essas mudanças afetaram a vida e a família deste homem.
Com um elenco de luxo, e para além de Forest Whitaker, O MORDOMO conta ainda com as participações de Oprah Winfrey, John Cusack,  Robin Williams , Jane Fonda , Lenny Kravitz , Cuba Gooding Jr. , Vanessa Redgrave, Liev Schreiber, James Marsden e Alan Rickman, sendo a banda sonora composta por Rodrigo Leão.

Nos cinemas a 5 de setembro.

A História Seguinte - Cees Nooteboom

Costumo comer à mesa da cozinha sentado num banco de cozinha, em frente da reprodução de uma cena pintada no fundo de uma taça por Pitrino no século VI antes de Cristo (que teve o atrevimento de se apropriar também de séculos anteriores a si) - Peleu lutando com Tétis. Sempre tive um fraco pela Nereide Tétis, não só por ter dado à luz Aquiles, mas sobretudo porque, sendo de origem divina, se recusou a casar com o mortal Peleu, e com toda a razão. Para um imortal tem de ser insuportável o fedor emanado pelos seres mortais. Tentou tudo para escapar à futura morte, transformou-se sucessivamente em fogo, água, leão e serpente. A grande diferença entre os deuses e seres humanos: os deuses podem decidir sobre as suas metamorfoses, os humanos apenas podem sofrê-las.

Cees Nooteboom (1933-), A História Seguinte. Lisboa: Quetzal, (tradução de Ana Maria Carvalho) 1991, p. 15.


Capa de Rogério Petinga, sobre fresco de Parmigianino 
(c. 1515) inspirado nas Metamorfoses de Ovídio

Eugénio de Andrade: escrita, lugares e afetos

Exposição na Biblioteca Pública Municipal do Porto (São Lázaro) até 15 set.
Visitas à exposição neste horário deveras insólito:  4.ª feira - 14h30 às 18h00
http://bmp.cm-porto.pt/node/108#


Leituras no Metro - 138


Em 1891 uma vaga de fome atravessou a Rússia, o que levou à perda de milhares de vidas. Foram os relatos que autores como Tolstoi, Tchekov e Korolenko fizeram publicar nos jornais que alertaram o povo e o governo para a imensidade do problema.
Tolstoi e os seus filhos mais velhos envolveram-se na constituição de cantinas para alimentar os carenciados. A mulher do escritor, Sofia, que tivera de ficar em Moscovo com os filhos mais novos, resolve escrever um apelo pedindo donativos. Eis o texto publicado no Russian Gazette, em 3 de novembro desse ano:
«A minha família inteira deixou-me para ir ajudar os necessitados. O meu marido, o conde Lev Nikolaevich Tolstoi, e as nossas duas filhas estão no distrito de Dankovsky a instalar cantinas [...]. Tenho dois filhos mais velhos a trabalhar para a Cruz Vermelha, ajudando as pessoas do distrito de Chernsky, e um terceiro na província de Samara a abrir uma sopa dos pobres.
«Forçada a ficar em Moscovo com os nossos quatro filhos mais pequenos, só posso ajudar dando apoio material à minha família. Mas a carência é tanta! Sozinhas, as pessoas não podem satisfazer tanta necessidade. Entretanto, passamos os nossos dias numa casa aquecida, e cada pedaço de comida que tragamos parece repreender-nos por, neste momento, alguém estar a morrer à fome. Se nenhum de nós, que vivemos neste luxo, aguenta assistir ao menor sinal de sofrimento dos nossos filhos, como nos é possível suportar a visão de mães exaustas com os filhos a morrer de frio e de fome, ou de pessoas idosas sem nada para comer?
«Foi isso que viu a minha família. Eis o que me escreve a dizer a minha filha, do distrito de Dankovsky, acerca das cantinas que a nobreza local lá instalou com os seus próprios fundos: "Visitei duas cantinas: numa, disposta numa capoeira, está uma viúva a cozinhar para vinte e cinco pessoas. Quando lá entrei, deparei-me com muitas crianças ordenadamente sentadas à mesa, a comer sopa de couve [...]. Havia uma fila de idosas, à espera da sua vez. Falei com uma e, quando ela começou  a contar-me como viviam, desatou a soluçar [...]. Só estão vivos graças a essa cantina, pois em casa não têm absolutamente nada [...]. Aí comem duas vezes por dia e, com a lenha, custa cerca de [...] 1 rublo e 30 copeques por mês alimentar uma pessoa."
«Isto significa que 13 rublos salvarão uma pessoa e fá-la-ão chegar até à colheita seguinte. [...] Se cada um de nós alimentar uma pessoa, ou duas, dez ou cem pessoas - tantas quantas pudermos - , ficaremos com as consciências mais tranquilas. [...] Assim, quero pedir a todos os que estiverem dispostos a ajudar que apoiem esta iniciativa da minha família. Os vossos donativos serão diretamente utilizados para alimentar as crianças e os idosos nas cantinas que o meu marido e os meus filhos  estão a organizar.»
A família reuniu, em dois anos, 200000 rublos.
Cit. in: Alexandra Popoff - Sofia Tolstoi: uma biografia. Porto: Civilização, 2011, p. 227-228

Bom dia !



In memoriam da grande Regina Resnik ( 1922-2013 ), recentemente falecida.

Google comemora noite de Lua cheia e aniversário de Claude Debussy

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Google celebra a passagem do 151 aniversário do nascimento de Claude Debussy, com um doodle interactivo

(pode experimentar)

em que ao mesmo tempo que "corre" na imagem uma noite de luar se escuta a sua mais famosa composição, a popular sonata Clair du Lune (1890).

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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

No seguimento do post sobre José Joaquim dos Santos


E já agora, relembrar:

Boa noite!

Foi quase assim...

Autoria: Kate Ward Thacker

Bases de copos - 18

Frente e verso.

À descoberta da música portuguesa antiga

José Joaquim dos Santos nasceu no sítio do Senhor da Pedra, no termo da vila de Óbidos, em 14 de Setembro de 1747. Foi recrutado para o Real Seminário da Patriarcal de Lisboa em criança e aí iniciou o seu aprendizado musical. Depois de ingressar na Irmandade de Santa Cecília - que por decreto régio de D. João V regulava toda a música do reino - e da morte do napolitano de origem espanhola, David Perez, que dirigiu até 1778, ano da sua morte, a música da Corte e da Patriarcal, foi Director e Maestro da Irmandade e compôs muitas obras de música sacra, sendo um dos mais influentes compositores do seu tempo. A sua Stabat Mater a 3 vozes foi a única peça de música sacra publicada em 1792 pela Real Fábrica da Música de Lisboa. Morreu em data incerta, entre Julho e Outubro de 1801.

Te Deum oito vozes

Poesia holandesa - Pierre Kemp

"By or related to Rembrandt, Jacob's dream, ca. 1644 Benesch accepted the writing as Rembrandt's and interprets the number 44 as the date 1644 Paris", Ecole des-Beaux Arts






SONHOS

Certas noites sigo uma luz amarela
até uma porta azul, onde se lê: Sonho.
A porta não é aberta por minha mão
nem sou convidado por uma mulher
para comprar sonhos, e mesmo assim
sempre eles foram pagos por mim.
à noite não fiquei nada a dever.

Pierre Kemp (1886-1967), Uma Migalha na Saia do Universo, Antologia da Poesia Neerlandesa do Século Vinte. Assírio e Alvim, 1997, (Seleção e introdução Gerbert Komrij, trad. Fernando Venâncio), p. 53

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Parabéns, Isabel!

Aqui fica não um, não dois, não três... mas nove cestos de flores para me redimir do atraso de dois dias. :(

Boa noite!

No seguimento do post anterior...

No Ginjal

2.ª ed. Almada: Centro de Arqueologia de Almada, 2002

Restaurantes no cais do Ginjal
«A restauração é uma das atividades que mais fama deu ao Ginjal. A notícia que em [19 set.] 1931 se lê n’O Almadense, sob o título “Os restaurantes do Ginjal vão-se civilizando”, mostra que há muito se criara o hábito de aí procurar boa comida e boa bebida – “Os toldos de serapilheira que lhes tapavam as portas noutros tempos e a fila de fogareiros de barro onde se assavam sardinhas e se abria o marisco, tudo isso desapareceu para dar lugar a casas decentes onde decentemente se pode comer”. Criam-se assim condições para que cada vez mais pessoas se desloquem propositadamente ao cais para apreciar os petiscos preparados nos vários restaurantes da zona.
«Do lado de Cacilhas, estes ocupavam logo os primeiros edifícios – “Começando aqui pelo princípio do Ginjal, há o Farol, que era dantes a Fonte da Alegria, que era uma tasca. Foi sempre uma tasca que deu muito dinheiro… Aquilo a vender sandes e copos era um disparate! […]  Depois, onde está aquele restaurante baixinho, era o restaurante da Maria Vagueira. Depois a entrada da Floresta era aquela entrada que ia dar a uma tasca lá por cima, pela Rua das Terras […]. Depois a seguir havia um restaurante que era o Pepe. […] Depois ainda havia o Pita, que era o restaurante Abrantino no primeiro andar, [que] ardeu, e por baixo outro restaurante que era a Palmira das Batatas. […] Depois ao lado era o Gonçalves […] e a seguir era o restaurante da espanhola. Era a mãe da Madalena Iglésias. Ao fundo do cais ainda havia o Ponto Final.”
«[…] O Floresta do Ginjal […] era assim chamado por ser “todo tapado com folhas de parreira”, permitindo a realização de “grandes festas com fados” […].» (p. 52-53)

Nada melhor, num dia de calor como o de hoje, do que atravessar o rio e ir jantar ao Ginjal.

Bases de copos - 17

Frente e verso.

Praias e lugares da minha infância - 9

Gravura antiga de Setúbal

Mesmo no tempo invernoso, mas mais na Primavera e no Outono, um dos lugares onde o meu pai gostava de ir, aos domingos, em passeio, era Setúbal. Era, então, nos anos cinquenta do século passado, uma cidade mais pacata. Embora não ficasse a uma grande distância de Lisboa, os transportes públicos eram mais vagarosos, principalmente as camionetas, mas também o comboio e não havia autoestrada que permitisse, como hoje já acontece, viver ali e trabalhar na capital.

 
 Setúbal vista do mar
 

Era programa de dia inteiro. Chegava-se perto do almoço que era tomado num dos restaurantes da Av. Luísa Todi ou junto à doca. Depois passeava-se. Umas vezes junto à costa, até uma monstruosidade chamada Secil, um atentado ao ambiente e à paisagem. Outras vezes dentro da própria cidade, vendo lugares antigos e visitando, por exemplo, a Igreja do Convento de Jesus. Também se ia, não me recordo como, mas creio que quando na companhia da minha tia Ema, irmã mais velha da minha mãe e do meu primo Rogério que tinha carro, até ao Forte de S. Filipe onde se lanchava e se gozada a maravilhosa vista sobre a baía, a cidade e do outro lado Troia. Com eles também me lembro de ter ido, a partir de Setúbal e no regresso a Lisboa, à serra da Arrábida, a "serra mãe" de Sebastião da Gama.

Forte de S. Filipe

Num desses passeios aprendi muito mais sobre Bocage, cuja estátua inaugurada em 1871 vi na praça com o seu nome, do que as anedotas inocentes que dele sabia ("o pum que esta senhora deu, não foi ela, fui eu") e Luísa Todi, por curiosidade em saber quem dera nome à rua onde passava em cada visita e ao seu busto, num monumento com pautas musicais.


Outro passeio que fazíamos a partir de Setúbal, de ferry boat, para grande gáudio meu e da minha irmã, era Troia, onde passeávamos à beira mar, lanchávamos e onde visitámos as ruinas romanas, cujos    trabalhos conheciam então novo ímpeto.

Não resisto a contar um pequeno episódio, passado uns anos depois, com um amigo de infância que teria então os seus 13 ou 14 anos e é hoje um conceituado heraldista que, interessado por tudo o que era História e cultura em geral, resolveu ser arqueólogo por conta própria em Troia. Um dia, não sei porque artes, conseguiu subtrair e trazer para casa, muito muito perto da minha, uma ânfora romana. Vinha ufano. E tão ufano, que ao entrar em casa tropeçou no capacho e fez em cacos o achado arqueológico. Tentámos, eu e ele, restaurar a ânfora. Tarefa impossível.

 Ruínas romanas de Troia
 
E aqui termino as minhas lembranças das praias e lugares por onde passei  quando era menino e moço. Haveria por certo outros: ou sem recordações especiais ou apenas lugares episódicos.

Uma lenda das estradas chega ao fim


Aos 63 anos de idade, o mítico volkswagen "pão-de-forma", como foi carinhosamente apelidado em Portugal, vai despedir-se definitivamente das linhas de produção, no final de 2013. Adorado por muitos, ficará para sempre ligado ao movimento hippie da década de 60 como símbolo da contracultura, pelo estilo de vida que proporcionava, de paz e amor.

Cromos - 19


Easy listening ao amanhecer

A minha preferida de Tom Jones: I'll never fall in love again, num registo da BBC (Dusty Springfield - Show) em 1967.
Enjoy!


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Boa noite!

Ma passion... - Henri-Cartier Bresson

Um livro que me ofereceram na praia mas só o li no regresso a casa. 
Henri - Cartier Bresson, O imaginário segundo a natureza. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2004, p. 32. 
A tradução é que não é das melhores.


Julgo que coloquei mas ouço-a frequentemente.

Bases de copos - 16

Frente e verso de das bases. 
Frente e verso de das bases. 
Mais três bases. 
Todas sete, checas.

À descoberta da música portuguesa antiga

Do luso- brasileiro Manoel Dias Oliveira, nascido possivelmente na Vila de S. José, Minas- Gerais, Brasil (hoje Tiradentes), em 1735 e falecido naquela cidade em 1813. Mulato, certamente filho de escravos ou de um proprietário e duma escrava, além de compositor foi capitão.


Salzburgo e o seu festival


Dentro de sensivelmente três horas, subirá ao palco do Grosses Festspielhaus de Salzburgo a ópera Don Carlo de Giuseppe Verdi, talvez o highlight da 93 ª edição do festival desta cidade que decorre até 1 de Setembro.  Constitui a mais ambiciosa e complexa obra operática do compositor, baseada no drama Don Karlos, Infante de Espanha de Friedrich von Schiller que pouco se preocupou com a autenticidade histórica dos personagens e factos. A título de exemplo, refira-se que a paixão que o infante vive pela sua madrasta Isabel de Valois no libreto nunca existiu. O verdadeiro Don Carlo, tudo menos esbelto, sofria de graves problemas mentais, talvez derivados do matrimónio praticamente incestuoso entre Maria de Portugal e Filipe II de Espanha. E o personagem de Rodrigo, Marquês de Posa, resulta simplesmente da criatividade fictícia do escritor, dramaturgo e filósofo alemão. Mas foi precisamente esta distância entre realidade e fantasia que permitiu a Verdi dar à luz um trabalho que interliga a esfera política sinistra do século XVI com a privacidade e intimidade dos actores de uma forma tão estreita que nenhuma outra ópera do repertório verdiano alcançou. A multiplicidade das relações humanas do drama junta-se ao ambiente tenebroso que Verdi, desde o primeiro compasso, reproduz na sua abordagem musical.
 
Salzburgo leva a cabo uma produção grandiosa: mais de 240 figurantes chegam a ocupar o palco. O elenco é "estrondoso": Jonas Kaufmann (Don Carlo), Matti Salminen (Filipe II de Espanha), Anja Harteros (Elisabetta di Valois) e Thomas Hampson (Rodrigo, Marchese di Posa) encarnam os papéis principais, acompanhados pela Orquestra Filarmónica de Viena sob a direcção de Antonio Pappano. A realização cabe a Peter Stein.
A organização do festival decidiu, e muito bem, recorrer à versão original de cinco actos que sofreu várias alterações, mesmo aquando da estreia em Paris a 11 de Março de 1867. Assim, o espectáculo durará cerca de cinco horas. "É uma ópera longa, é verdade. Mas tem de ser assim", justificava Giuseppe Verdi a dimensão da sua obra prima.
 
 
Imagens: Jonas Kaufmann, Anja Harteros e Thomas Hampson