Prosimetron

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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Ainda a propósito de violas e violetas

As minhas violetas africanas.
Deram-mas há dois anos e estão radiosas.


A inigualável

Ai, como eu te queria toda de violetas
E flébil de cetim...
Teus dedos, longos de marfim,
Que os sombreassem jóias pretas...

E tão febril e delicada
Que não pudesses dar um passo -
Sonhando estrelas, transtornada,
Com estampas de cor no regaço...

Queria-te nua e friorenta,
Aconchegando-te em zibelinas -
Sonolenta,
Ruiva de éteres e morfinas...

Ah! que as tuas nostalgias fossem guizos de prata -
Teus frenesis, lantejoulas;
E os ócios em que estiolas,
Luar que se desbarata...

.... ... ... ...
... ... ... ...

Teus beijos, queria-os de tule,
Transparecendo carmim -
Os teus espasmos, de seda...

- Água fria e clara numa noite azul,
Água, devia ser o teu amor por mim...

 Mário de Sá Carneiro

3 comentários:

APS disse...

Só agora me apercebi como Camilo Pessanha é da mesma "família" de Sá-Carneiro, porque comecei a ler o poema como se fosse do primeiro...
Releve-se uma maior "estridência" poética de Mário, contrastando com um deslize lírico mais sibilino e discreto de Camilo.

APS disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
MR disse...

Faltavam os cinco últimos versos que acabei de transcrever novamente. Não percebo o que aconteceu.
Gosto imenso deste poema. Gosto muito de MSC.