Prosimetron

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sábado, 26 de dezembro de 2009

New York, I love you


Finalmente, fui hoje ver este filme que adorei, de que (parece-me) falei aquando da estreia em Portugal. Já tinha gostado de uma experiência semelhante sobre Paris: Paris, je t'aime.
Alguns dos mais imaginativos realizadores (actuais) juntaram-se para fazer esta história de amor constituída por histórias tão diversificadas quanto o ambiente da própria cidade. Só faltou mesmo Woody Allen.
Parece que esta receita vai ser aplicada a outras cidades. Alguém sabe qual é a próxima?

Voltando aos Brandeburgueses

Este Quarto é o meu preferido. E estou a ouvi-lo enquanto olho o mar. Bom fim de semana!


Deep in December

O musical The Fantasticks, da autoria de Harvey Schmidt e Tom Jones (não o TJ do País de Gales), estreou-se no Sullivan Street Playhouse nova-iorquino a 3 de Maio de 1960. A narrativa cómica recorre à peça Les Romanesques de Edmond Rostand e a excertos da obra de Shakespeare, entre eles, Romeu e Julieta. Coroados de um final feliz, The Fantasticks encantaram o público ao longo de 17.162 actuações, tendo terminado provisoriamente a 13 de Janeiro de 2002. Renasceram no Jerry Orbach Theater do Snapple Theater Center em Agosto de 2006 e, segundo a homepage deste teatro, orgulham-se do atributo "world's longest running musical".

A canção mais célebre, Try to remember, conheceu inúmeras versões, interpretadas por Julie Andrews, Roy Orbison, Nana Mouskouri, os Brothers Four, etc. O texto convida a recordar, em pleno Dezembro, os belos momentos passados em Setembro. A melancolia de Harry Belafonte convence no registo que se segue. Enjoy!
Imagem: elenco original de 1960, com o saudoso Jerry Orbach (esq.)

Uns versos num livro: A Ideia de Deus.

Encontrei estes versos numa prenda de Natal.


Quando, à noite, o suor da minha fronte enxugo,
E aos livros vou pedir um instante de paz,
Não sei que estranho ardor, se leio Victor Hugo,
O autor das Orientaes ao coração me traz.

Brilha uma nova luz, naquele novo estilo!
Ora é Napoleão calcando o mundo aos pés,
Ora, manso a boiar sobre as águas do Nilo,
Como um nevado cisne, o berço de Moisés.

Às vezes mesmo eu chego a recuar de susto,
Pensando que no livro, onde leio a estudar,
Uma águia levanta o seu voo robusto
Dos antros dum vulcão que vejo rebentar!

Guilherme de Braga in, "Carta íntima", Sampaio Bruno, A Ideia de Deus, Porto:Lello & Irmão, 1987, p. XIV (Carta íntima, Porto 1902, prefacia o livro )

José Estêvão nasceu há 200 anos


Estátua de José Estêvão no Largo das Cortes, da autoria de Vítor Bastos.
http://esquerdamonarquica.files.wordpress.com/2009/07/dsc_0055b.jpg

Nasceu em Aveiro há 200 anos o que é ainda hoje considerado o mais notável orador parlamentar. Quando estudante em Coimbra, José Estêvão Coelho de Magalhães integrou o Batalhão Académico de 1826, em defesa do regime liberal. Encontrando-se exilado, desembarcou no Mindelo. Em 1841, fundou o jornal A Revolução de Setembro. Participou na Patuleia.


Faleceu, em Lisboa, nesta casa da Rua do Século (então Rua Formosa), em 1862.
Na mesma casa nasceu o seu filho, Luís de Magalhães, em 13 Set. 1859. Político e escritor, companheiro de Eça, Antero, Oliveira Martins, Magalhães Lima, Alberto Sampaio e António Feijó, foi o autor do romance O brasileiro Soares.

Linha de mais alta velocidade para passageiros entre Wuhan e Cantão

A China inaugurou hoje uma linha de transporte de passageiros entre Wuhan, no centro do país e Cantão, no sul, que será a mais rápida do mundo, com uma média de 350 km/hora. Este trajecto de 1069 km, que demorava dez horas, passou a fazer-se em três horas, e é um dos troços da linha que, no futuro, ligará Pequim a Cantão.
Jad, vais fazê-la?



sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Um Natal em Veneza

A composição dos "Concerti fatti per la notte di Natale" viveu o seu apogeu em Itália nos séculos XVII e XVIII. O concerto grosso de cordas, op. 6, nº 8 de Arcangelo Corelli será naturalmente o mais conhecido. Outras obras destacam o oboé ou o trompete, na tradição natalícia considerados sucessores dos instrumentos "primitivos", utilizados pelos pastores na adoração do Menino.

Um dos concertos para oboé mais interpretados na quadra de Natal foi composto por Alessandro Marcello, músico e poeta que nasceu em Veneza em 1669. Do seu repertório que Marcello publicava sob o pseudónimo Eterio Stinfalico, sobreviveram apenas algumas sonatas para violino, cantatas e concertos para oboé, entre eles, o concerto em ré menor para oboé, cordas e baixo. Seguem o segundo e o terceiro (belíssimo) andamento deste concerto, na interpretação do conjunto Concerto Italiano sob a direcção de Rinaldo Alessandrini.

A imagem L'Adorazione dei Pastori é da autoria do pintor veneziano Lorenzo Lotto (1480 - 1556).

«Caindo o Natal à sexta, guarda o arado e vende os bois.»


http://www.boltonmuseums.org.uk/

Os meus franceses - 86

DO NASCIMENTO. 9º ROMANCE

O Menino Jesus Salvador do Mundo - Josefa de Óbidos

Já que era chegado o tempo
em que nascer deveria,
como sendo desposado
de seu tálamo saía,
abraçado à sua esposa,
que em seus braços a trazia;
o qual a mãe graciosa
num presépio o estendia,
no meio de uns animais
que na altura ali havia;
diziam cantos os homens
e os anjos melodia,
festejando os esponsais
que entre esses dois havia:
mas Deus naquele presépio
muito chorava e gemia,
que eram jóias que a esposa
para os esponsais trazia;
e a mãe estava pasmada
da troca que ali se via:
em Deus o pranto do homem
e o homem em alegria,
e tudo isto num e noutro
tão estranho ser soía.

S. João da Cruz, Poesias Completas (trad., prefácio e notas de José Bento), Lisboa: Assírio & Alvim, 2009

Messias!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Bom Natal para todos!

Bom Natal!

Os meus franceses - 85


Uma canção de Georges Brassens para desejar um Bom Natal a todos!

Sonhos


Estou a sonhar ao fogão. Os da foto fazem parte de um anúncio que anda pelo Metro.
Bons sonhos!, se gostarem.

Feliz Natal!



Filme para ver este Natal: "Mrs. Santa Claus", musical de Jerry Herman de 1996, com Charles Durning, Angela Lansbury e Michael Jeter.

A nossa vinheta


Andy Warhol - Christmas tree, ca 1958

Crónicas de Clarice - 12

- Um presépio de Mestre Expedito ( Expedito António dos Santos, 1932- , Rio Grande do Sul, Brasil ).

HOJE NASCE UM MENINO

(publicada no Jornal do Brasil no dia 24 de Dezembro de 1971 )

Na manjedoura estava calmo e bom.
Era de tardinha e ainda não se via a estrela-guia. Por enquanto a alegria serena de um nascimento- que sempre renova o mundo e fá-lo começar pela primeira vez- por enquanto a alegria suave pertencia apenas a uma pequena família judia. Alguns outros sentiam que algo acontecia na terra mas ver ninguém via ou ao certo sabia.
Na tarde já escurecida, na palha cor de ouro, tenro como um cordeiro, refulgia o menino, tenro como o nosso filho.
Bem de perto a cara de um boi e outra de jumento olhavam. E esquentavam o ar com o hálito do corpo.
Era depois do parto, e tudo úmido repousava, tudo úmido e morno respirava.
Maria descansava o corpo cansado- sua tarefa no mundo e diante dos povos e de Deus seria a de cumprir o seu destino, e ela agora repousava e olhava a criança doce.
José, de longas barbas ali sentado, meditava, apoiado no seu cajado: seu destino, que era o de entender, se realizara.
O destino da criança era o de nascer.
Ouvia-se, como se fosse no meio da noite calada, aquela música de ar que cada um de nós já ouviu e que é feito o silêncio. Era extremamente doce e sem melodia mas feita de sons que poderiam se organizar em melodia. Flutuante, ininterrupta. Os sons como 15 mil estrelas. A pequena família captava a mais primária vibração do ar- como se o silêncio falasse.
O silêncio do Deus grande falava. Era de um agudo suave, constante, sem arestas, todo atravessado por sons horizontais e oblíquos. Milhares de ressonâncias tinham a mesma altura e a mesma intensidade, a mesma ausência de pressa, noite feliz, noite sagrada.
E o destino dos bichos ali se fazia e refazia: o de amar sem saber que amavam. A doçura dos brutos compreendia a inocência dos meninos. E antes dos reis, presenteavam o nascido com o que possuíam: o olhar grande que eles têm e a tepidez do ventre que eles são.
Este menino, que renasce em cada criança nascida, iria querer que fôssemos fraternos diante da nossa condição e diante do Deus. O menino iria se tornar homem e falaria.
Hoje em muitas casas do mundo nasce um Menino.

- Clarice Lispector, A DESCOBERTA DO MUNDO, 2ª edição, Nova Fronteira, 1984.

Boa Consoada!

Natal em Viena, Áustria, 1999.

Gesu Bambino: canção de Natal composta por Pietro Yon (1886-1943), em 1917, o tema é o mesmo do coro de Adeste Fideles, atribuído a John Francis Wade. Interpretação de Luciano Pavarotti

Com os votos de boa consoada!

Natividade.

Para este dia especial deixo uma das representações da Sagrada Família de El Greco que vi há uns anos no Museu do Prado. O que me agrada em El Greco é o seu traço e paleta tão peculiares.
xxxx
Em glória do Menino que vai nascer a 25 de Dezembro
(segundo a data adoptada).
x
El Greco, A Sagrada Família 1590 -1600
(A Virgem com o Menino, S. José, Santa Ana e S. João Baptista)

Óleo sobre tela, 107 x 69 cm, Museu do Prado, Madrid, Espanha
x
Natal em Viena, Áustria, Dezembro de 1999.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Presépios - 5 : O Museu

É quase certo que daqui a um ano o Museu do Presépio, a instalar em Fátima, terá já as portas abertas para mostrar aquela que é provavelmente a maior colecção particular de presépios em Portugal: a colecção da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, que conta já com 800 presépios e continua a receber doações de coleccionadores.

Casas de chá de Macau


Casas de chá tradicionais chinesas, emissão de 4 selos pelos Correios de Macau, 1996

«Foi uma tristeza nova a que ontem me visitou na casa de chá, no meio das minhas amigas macaenses. Estava connosco um moço que tinha graça, e ríamos. Falou-se de jogo, de dança, de papagaios. Nas outras mesas, mulheres e homens metropolitanos, macaístas, um ou outro chinês. No ar, música suave. A tarde tombava.»
Maria Ondina Braga
In: Estátua de sal. Lisboa: Ulmeiro, 1983, p. 36

Há quantos anos não abria este livro?

Presépios - 4 : Lisboa

Em Lisboa há várias exposições de presépios: na Basílica da Estrela, no Museu Nacional de Arte Antiga, na Fundação Ricardo Espírito Santo e no Edifício Central do Município no Campo Grande.

Presépios - 3 : Figueira da Foz

A colecção de presépios de Maria Cavaco Silva viajou até à Figueira da Foz, estando expostas no Palácio Sotto Mayor 150 peças de proveniência nacional e estrangeira ( Brasil, Israel e França ). É uma iniciativa conjunta do Museu da Presidência e do Casino da Figueira.

Até 10 de Janeiro.

Presépios - 2 : Coimbra

- Igreja do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra

Na Igreja do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra está também patente uma exposição de presépios, concebidos por cerca de meia centena de artesãos. Há presépios em lata, em junco, folhas de milho, bordados e o mais tradicional barro.

Presépios - 1 : Santo Tirso


- Parque D.Maria II, Santo Tirso.


A capital portuguesa do presépio este ano é sem dúvida Santo Tirso, cidade onde se realiza a IV Exposição Internacional de Presépios. São cerca de 500 presépios, com 2oo de proveniência africana, expostos no átrio da Câmara Municipal de Santo Tirso.
Há presépios antigos, inclusive de Machado de Castro, de artesãos conhecidos como Rosa Ramalho e também muitos estrangeiros.
Até 3 de Janeiro.

Antes que fique offline


Aproveito para também aqui desejar a todos Boas Festas. A imagem tinha-a aqui guardada para o Dia de Reis, mas não perde pela repetição, até por que tem que se lhe diga. Para quem não conhece, está nas Janelas Verdes e é de Gregório Lopes.
A música, apesar de o som não estar famoso, é de uma peça feita sobre cânticos de Natal. Tenho-a numa colectânea da saison, da Naxos, que recomendo vivamente. Aqui há uns anos comprei uma caixa (ainda bem que foi no espaço comunitário ou a Alfândega julgaria que me ia dedicar à revenda) e espalhei os discos aqui à minha beira.

Passem então um bom Natal, em Lisboa, no Porto ou na "província", em Munique, Macau ou noutro lugar exótico!




Nota pessoal e saudosista (sinal dos tempos): a "minha" música de Natal é todavia o Adestes Fideles. Era sempre o meu momento mais aguardado no dia 25, no ofertório (ou seria na comunhão?) da missa do meio-dia, na Sé de Leiria, tendo ao órgão e na direcção do coro duas pessoas boas, que já cá não estão. Sic transit.

Pequenos monstros do nosso tempo... - 4

Obviamente, o "monstro" desta semana é Roberto Carlos Magalhães, o brasileiro de 31 anos que foi espetando quase meia centena de agulhas no enteado de 2 anos de idade como vingança contra a mãe deste. As agulhas, como devem ter lido ou visto, foram detectadas a tempo e a criança está livre de perigo. A justiça brasileira, muito diferente da nossa neste e noutros particulares, permite entrevistas pormenorizadas a arguidos. Aqui fica esta com este "padrasto do Inferno".

Novidades - 96 : Doce Lisboa

Não podia ter sido lançado em melhor altura este "compêndio" da história e respectivas especialidades das melhores pastelarias de Lisboa: o São Marcos do Galeto, o bolo de arroz da Confeitaria Nacional, os pingos de tocha da Mexicana, as parras da Carcassonne, as rolhas da Bénard e a pirâmide d' A Tentadora.
A autoria é da fotógrafa Clara Azevedo e do designer Luís Garrido.

- Doce Lisboa- guia e receitas das melhores pastelarias, QuidNovi, 150p, €24.

Tronco - 2


Este é o segundo Tronco de Natal que escolhi, é o concebido pelo Kenzo Takada para a Casa Lenôtre: pasta de amendôa, doce de laranja e chocolate, simulando rolos de bambú ou não fosse japonês o grande costureiro.
Mais detalhes em : http://www.lenotre.fr/

Boas Festas

Para os meus colegas e leitores do blogue, Feliz Natal!

A palavra do ano


"Unfriend" foi eleita a palavra do ano pelo New Oxford American Dictionary (NOAD). O termo que designa o acto de remover algum utilizador da categoria de "amigos" no Facebook é entendido como tal no contexto das redes sociais online, pelo que a sua adopção como uma forma verbal moderna faz desta "uma escolha interessante para a melhor palavra do ano" afirma um dos especialistas do NOAD.

Bach Fuga e Preludio em D major - Richter




APS, não encontrei o Prelúdio e Fuga em D major de Bach interpretado por Gilels mas por Richter. Aqui fica com o desejo de um dia bem passado nas vésperas da consoada.

Comunhão


Uma pomba catando
outra numa janela do sétimo

andar do hospital. Nada
as perturba. Nem o ruído

das escavadoras no túnel
em construção. Uma pomba

catando a outra num gesto
de ternura. Os olhos são

a única impureza no meio
de tanta brancura.

Jorge Sousa Braga, Porto de Abrigo, in Poemário, Lisboa: Assírio & Alvim, 2009

[Passou o Outono já, já torna o frio...]

Passou o outono já, já torna o frio...
- Outono de seu riso magoado.
Álgido inverno! Oblíquo o sol, gelado...
- O sol, e as águas límpidas do rio.


Águas claras do rio! Águas do rio,
Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração vazio?

Ficai, cabelos dela, flutuando,
E, debaixo das águas fugidias,
Os seus olhos abertos e cismando...

Onde ides a correr, melancolias?
- E, refractadas, longamente ondeando,
As suas mãos translúcidas e frias...

Camilo Pessanha
In: Clepsidra / fixação do texto de António Barahona. Lisboa: Assírio & Alvim, 2003, p. 36-37

Um passeio até à neve... 1


Cartaz de N. Gerale.
Cartaz de Henry Reb.

Natal - 23


De tudo se pode fazer um presépio. Aqui fica um em arte origami.
Dizem-me que por este lados Feliz Natal é qualquer coisa como:
Kung His Hsin Nien bing Chu Shen Tan (Mandarim)
Gun Tso Sun Tan'Gung Haw Sun (Cantonês).

Saint-Saëns: concerto nº 2 (1/4)

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O jornalismo em Portugal

Pois é, assim vai o jornalismo português cada vez mais nas mãos dos grupos económicos que visam o lucro em detrimento da autonomia jornalística e identidade profissional, da formação ou das condições de trabalho de todos quantos trabalham neste sector.
Como afirma Fernando Correia (jornalista e autor de diversas obras sobre jornalismo), no seu artigo "O Jornalismo em Portugal", a procura da informação é crescentemente substituída pela sua oferta: as fontes mais poderosas e organizadas, privadas e públicas, aperfeiçoam mecanismos de persuasão/influência e de facilitação do trabalho jornalístico, dificultando a sua capacidade de iniciativa, criatividade e distanciamento e favorecendo a homogeneidade e burocratização... Profissionais exteriores ao campo jornalístico e alheios às suas especificidades cívicas e deontológicas (gestores, publicitários, relações públicas, consultores, assessores, comentadores, animadores, etc.) têm cada vez mais interferência e participação, mesmo que indirecta, na produção jornalística...
(...) Simultaneamente com a consequente perda de autonomia e espaço de manobra dos jornalistas e a sua consequente fragilização, ocorrem outros fenómenos que afectam a anterior homogeneidade do grupo e reforçam o individualismo e a dispersão, criando uma crise de identidade profissional e o sentimento de que se caminha para um novo, mas ainda indefinido, paradigma jornalístico. Este panorama fala por si e mostra até que ponto as condições de trabalho podem condicionar seriamente a qualidade, disponibilidade e responsabilidade da actividade dos jornalistas.

Não conheço estudos internacionais que eventualmente retratem outros exemplos de "sedentarização profissional" neste sector e que assim favorecem o "jornalismo sentado" ou "jornalismo do corta e cola" como antigamente se dizia, praticava e voltou a praticar-se, nas nossas redacções. Contudo, caro Luís, temo que o estudo sobre a origem das notícias, que referiste no teu post, não seja caso inédito no mundo.

Um dos meus quadro de Inverno - 1

Hoje está um dia triste e feio. Só a neve é que poderia aquecer a alma!

Pieter Bruegel o Velho, Os Caçadores na Neve, 1565.
x Óleo sobre madeira, 117 x 162 cm, Kunsthistorisches Museum, Viena
x
Os pássaros na neve, pormenor
x

Agradecendo

A grande Julie Andrews em concerto no Japão em 1977. Uma canção já mítica - Somewhere do musical West Side Story.
Obrigado!

Novidades - 95 : A tesoura de Matisse

Desde os anos 3o até à sua morte, Henri Matisse recortou fragmentos de folhas de papel que previamente havia pintado a guache, juntando depois esses fragmentos em composições. Eram os seus papiers découpés. A Taschen lançou recentemente uma obra em dois volumes que agrupa o essencial que Matisse produziu dessa forma. Um volume chama-se Jazz, e contém as reproduções das colagens, bem como pequenos textos escritos pelo pintor para as acompanhar, enquanto que o outro volume é mais explicativo, com muitas fotografias ilustrando o referido processo criativo.

- Henri Matisse. Papiers découpés, 2vols, org. Gilles e Xavier-Gilles Néret, Taschen, 486p, €150.

Biografias, autobiografias e afins - 55

Dei conta desta nova obra mal chegou às nossas livrarias, mas não tive de a comprar pois foi-me oferecida por um companheiro prosimetrónico.
A contracapa elucida-nos:
" William C.Carter, o aclamado biógrafo de Proust, retrata as aventuras e desventuras do escritor francês da adolescência à idade adulta, evocando as próprias observações sensíveis, inteligentes e não raras vezes desiludidas de Proust sobre o amor e a sexualidade, através das suas cartas por vezes surpreendentemente explícitas. Proust é retratado como um homem dolorosamente dividido entre o medo constante da exposição pública da sua homossexualidade e a necessidade de encontrar e expressar o amor. Ao contar a história dos amores e desamores de Proust, William C.Carter demonstra também como as experiências amorosas do escritor se tornaram temas centrais do seu romance Em Busca do Tempo Perdido. "
- AS PAIXÕES DE PROUST, William C.Carter, Nova Vega, 1ªedição, 2009.

Estou a ler...


Alon Hilu - A cada Dajani / trad. do hebraico de Lúcia Liba Mucznik. Matosinhos, Lisboa: Quidnovi, 2009

Mais uma oferta de Natal. Comecei a ler e estou a gostar imenso. Se tiverem ainda algum presente para comprar, aconselho.
Recreação da vida dos colonos judeus e árabes, em Jafa, no final do século XIX, feita a partir da escrita de dois diários: «Um romance extraordinário» (Shimon Peres)

Natal 2009 - 22

O Natal madeirense tem as suas particularidades, tanto na gastronomia como nos rituais associados. Uma das peculiaridades é a lapinha, o nome que na Madeira se dá ao presépio, e cada família usa a sua criatividade para criar a lapinha mais atractiva. Diz o Elucidário Madeirense que a palavra derivará de lapa, rocha, por analogia com a gruta do nascimento de Cristo.
Aqui fica um cântico associado à lapinha:

Visitação das Lapinhas ( Versão de Machico )

Vilão: Eu venho da serra, de longe, cansado;
Por vê-lo Menino, deixei meu gado.

Preto: Também ió deixei tudo o que já tinha,
Só por vir agora ver esta lapinha.

Vilão: Eu venho da serra, de além do penedo,
Com meu machetinho, folgar no folguedo.

Preto: Ó bruto do campo, olha a fidalguia,
Quem vem à cidade trajando serguia!

Vilão: Sou branco de raça, geração limpinha;
Vinde vê-lo Deus nado, que está na lapinha.

Preto: Tu diz vem ver Deus nado lo Deus na lapinha?
Tu vem pra comer bom bacalhau, sardinha...

Vilão: Cal'a, mau preto! tu me pagarás;
No ano que vem, tu não falarás.

( Arrematam cantando )

Meu Menino Deus, do meu coração,
Amar-vos, sim, sim! deixar-vos, não, não!

( Este cântico certamente muito antigo e muito "políticamente incorrecto" consta da obra Natal-Do Minho ao Algarve, Açores e Madeira, Planeta Editora, 2ªedição, Outubro de 2007 ).

Tronco - 1


É uma tradição francesa, ou melhor parisiense, ter os estilistas como autores de troncos de Natal, como aliás já se viu aqui no Prosimetron no Natal passado. Este ano, escolhi dois troncos. O primeiro é este, concebido pelo estilista Alexis Mabille para a casa Angelina ( 226, rue de Rivoli, só por encomenda ) : " chocolat crème de marron et confit de yuzu ".
Confesso a minha ignorância: não sabia o que era este yuzu e fui ver à prestável Wikipédia. Fiquei a saber que é uma das coqueluches frutícolas da actualidade, mas não é fácil de obter: é um híbrido japonês de tangerina, toranja e limão, tanto que no Brasil chamam-lhe limão yuzu.
Pelo que li, o aroma e o sabor são notáveis. E imagino o preço...

O que se leva desta vida...

Tenho a impressão que foi a M.R. quem falou desta peça aqui no blogue, e eu soube por outros amigos que realmente a linguagem é forte, mas quem não estava nada preparado para a mesma foi este grupo de idosos que a foi ver. Provavelmente, já viram estas reacções bem quentes à peça, mas ainda assim aqui fica o vídeo. Obviamente, não era a escolha ideal para este grupo sócio-etário que teria estado muito mais entretido no Politeama...

As notícias...

Foi divulgado recentemente um estudo ( com um universo de 5000 notícias) sobre a origem das notícias no nosso país,notícias nacionais, com um resultado para mim ainda mais avassalador do que calculava: 2/3 das notícias publicadas são provenientes de agências de comunicação e assessores de imprensa ( tanto de empresas como de políticos ). Ou seja, apenas 1/3 das notícias que são publicadas e que têm a ver com a realidade nacional são provenientes de investigação jornalística em primeira mão ou fontes tradicionais. Se é certo que as agências e os assessores apenas estão a fazer aquilo que é o seu trabalho, a conclusão a tirar é que a nossa comunicação social é bastante permeável ao que lhe chega por tais vias. Estes números dão que pensar, mas gostava era de ter dados comparativos com outros países. Alguém já leu algo sobre esta temática?


Claude Monet - Route de Giverny en hiver
Óleo sobre tela, 1885
Col. particular

Os meus franceses - 84

Solstício de Inverno - 2


http://www.studiofesti.com/portugues/progetti-studio-festi.html

Este espectáculo não está relacionado com o solstício. Coloquei a foto apenas para assinalar o solstício de Inverno em Macau que se inicia hoje, dia 22. Não consegui saber a hora.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Luzes de Lisboa


Lisboa, Av. da Igreja.

Solstício de Inverno - 1


Lisboa, Cervejaria da Trindade

Este ano o Solstício de Inverno ocorre no dia 21 de Dezembro às 12h04.
Ver mais em: http://www.oal.ul.pt/index.php?link=destaque&id=94

O INVERNO


Velho, velho, velho.
Chegou o Inverno.
Vem de sobretudo,
Vem de cachecol,
O chão onde passa
Parece um lençol.
Esqueceu as luvas
Perto do fogão:
Quando as procurou,
Roubara-as um cão.
Com medo do frio
Encosta-se a nós:
Dai-lhe café quente
Senão perde a voz.
Velho, velho, velho.
Chegou o Inverno.

Eugénio de Andrade

Bom dia!

Adoro esta Someday we'll be together, um dos grandes êxitos das Supremes, e esta gala da Motown de 1983 tem vários motivos de interesse: é a primeira vez que elas, The Supremes, cantam juntas desde 1970 e apesar dos anos ainda se nota uma certa tensão, especialmente pela atitude de super-estrela de Diana Ross...; e por volta do minuto 6 começam a chegar outras estrelas da Motown, incluindo uma desaparecida recentemente.

Um quadro por dia - 34

Este famoso Díptico de Wilton, de autor desconhecido e que pode ser visto na National Gallery de Londres, visita o Prosimetron porque chegou há dias a minha casa num dos primeiros postais de Natal que recebi, vindo precisamente de Londres.
Nele vemos Ricardo II de Inglaterra a ser apresentado pelos seus santos patronos à Virgem Maria e ao Menino Jesus.

Inverno, Veneza e Vivaldi

Boas Festas para todos!


Adoração dos Reis Magos, Sandro Botticelli, Galeria dos Ufizzi, Florença, Itália

Junto presentes virtuais para o sapatinho:













Mouton Rothschild