Prosimetron

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sábado, 21 de novembro de 2009

Visitas guiadas em Lisboa


Alguns prosimetronistas e leitores já estão a par, mas ainda assim aqui fica como obter informação sobre os itinerários temáticos municipais, organizados pela Divisão de Programação e pela Divisão Cultural da Câmara Municipal de Lisboa : http://agendalx.pt

Gunta Stölzl - Obras

Gunta Stölzl, Tapete, 2.45x3.35, 1926
Gunta Stölzl, Tapeçaria, 1.09x1.40, 1926.

Os pormenores sobre estas e outras criações têxteis de Gunta Stölzl, bem como os seus desenhos e aguarelas podem ser encontrados no sítio oficial da Fundação Gunta Stölzl :

E umas horas de trégua?

Não pára e eu a precisar de sair de casa, designadamente para comprar um presente de aniversário. Disseram-me que foi enviado um fax, mas hoje o serviço não está muito eficaz...

Todas as estações...

Junto-me ao Luís em relação aos posts dos "novos modelos" apresentados por MR e deixo este delicioso porta-moedas.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBElxNDRiseIZY4h9bRohBPpYC55iD_E1B1fcMbHqS1PwY-FzpfMx6Sa2l9dYlCrajoE0gj7IA0sdnnHhYKFXS17S_M5QzdP4yiDKrHAEMGc-nnMyDv-xGJOlIDv6QVwb0prPhWZ1uKRFw/s1600-h/purse.jpg

Nesta época em que a moda é mostrar as cuecas...


Nesta época em que a moda é mostrar as cuecas... Aqui fica uma proposta...

Para os amantes do Wizard of Oz!

Como sei que todos gostam fica aqui a informação sobre o pacote especial da comemoração dos 70 anos de Wizard of Oz. É fantástico, traz junto aos 4 DVDs, o CD com as músicas, postais, e livrinhos com fotografias no estúdio, com notícias e a promoção do filme. O que achei mais interessante foi o facsimile do bilhete e o convite no dia da estreia.
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Um quadro por dia - 31

- Horace Vernet (1789-1863), Napoleão saindo do túmulo. Óleo sobre tela, 1840.


Apesar de achar que conhecia razoavelmente a iconografia napoleónica, fui surpreendido há umas semanas quando o quadro que aqui vemos apareceu na capa de uma revista. Não conhecia este estranho quadro, mas pelos vistos o mesmo foi muito reproduzido na época em vários outros suportes: gravuras, cigarreiras etc.
Foi pintado por Vernet, que tantas outras vezes retratou Bonaparte, quando se vivia o entusiasmo do regresso a França dos restos mortais do imperador no reinado de Luís Filipe.
Consegui apurar que terá sido vendido em 2003 na Sotheby's de Nova Iorque.





Outono-Inverno


Uma vez que a nossa M.R. não nos tem apresentado "novos modelos", eventualmente para que não pensemos que padece de retifismo, trago eu este modelo Zebra de bota para senhora criado por Ralph Lauren. É uma novidade que custa a módica quantia de €995 o par. Por este preço, podia ser mesmo em pele de zebra, mas espero sinceramente que não seja o caso...

Peppermoon

Este trio francês faz uma pop mais poética do que é habitual encontrar hoje em dia, lá como cá.

Pequenos monstros do nosso tempo... - 2

O "galardão" vai naturalmente para os três sem-abrigo da cidade russa de Perm que foram presos há dias por terem morto e comido parcialmente um outro sem-abrigo, de 25 anos de idade, e terem ainda vendido as sobras a um quiosque de comida. Não vou entrar em pormenores, por motivos óbvios, mas a vítima foi morta por aparentemente ter tentado seduzir a namorada de um dos homicidas.
Uma vez mais, a realidade ultrapassa a ficção.

Citações - 49 : O cão de Sócrates...


Primeiro, foi a família. Agora, são os amigos. Falta, evidentemente , o cão. Se Sócrates tem um cão, sugiro que o submeta a vigilância apertada. Parece óbvio que vai ser o bicho a protagonizar o próximo escândalo.
- Ricardo Araújo Pereira, na Visão desta semana.

Desafio


O que representa? Quem pintou? Facílimo!

Novidades - 88 : Uma mulher na Bauhaus




Gunta Stölzl ( 1897-1983 ) foi a única mestra da Bauhaus, tendo entrado para a mítica escola em 1919 e chefiado o departamento de Têxteis de 1925 até 1931, data em que abandonou o projecto, criando o seu próprio bem sucedido estabelecimento.
Esta obra, editada pelas filhas de Stölzl, Monika Stadler e Yael Aloni, reúne excertos dos diários e da correspondência, bem como alguns artigos inéditos da artista, e reproduz 75 obras fundamentais de uma longa carreira. Uma constante nos escritos particulares de Stölzl é a luta por igual salário e reconhecimento face aos outros chefes de departamento da Bauhaus. Mesmo no movimento mais vanguardista da época, uns eram mais iguais do que outros...
- Gunta Stölzl: Bauhaus Master, ed.Monika Stadler e Yael Aloni, Museum of Modern Art, Nova Iorque, 144p, $40.

O grande Tony Clifton

Não sei bem quantas vezes já vi o fabuloso Man on the Moon sobre a vida do precocemente desaparecido génio que foi Andy Kaufmann. Aqui fica um clip do filme em que Tony Clifton, misterioso artista em decadência, é sabotado em Las Vegas por Kaufmann.

Igreja de Bravães



http://www.rotasdopatrimonio.com/1302bravaes.html


http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Igreja_aldeia.jpg

E um interior, fotografia publicada num livro de 1918 (http://purl.pt/978/1/P104.html)

A Igreja de São Salvador de Bravães, mencionada por APS, num comentário.
Veja mais em: http://www.rotasdopatrimonio.com/1302bravaes.html

Lo Frate 'nnamorato

Lo Frate 'nnamorato [= O Irmão Enamorado] foi ontem, dia 20, estreado no CCB [Centro Cultural de Belém]. Trata-se de uma ópera de Pergolesi com libreto de G. A. Federico.
Do 2.º acto, vamos transcrever a letra da ária cantada por Vannella:


Cena VII
Vannella

[...]
Ária

Quem disse que a mulher
É mais manhosa que o diabo
Disse a verdade.
- Uma arma-se em simples,
E é maliciosa.
- Outra faz de conta que é esquisita,
E quer o seu belo esposo.
- Quem tem um no coração,
E promete-se a outro
- E dá-lhe as voltas.


Depois há umas - que não gostam de ninguém
E mantêm cem à espera - Só para brincar.
E outras tantas malícias - que nem se podem contar.


OBRIGADO!

Luiz Pacheco



Abre na próxima Quinta-feira a exposição sobre Luiz Pacheco e a sua editora Contraponto. Luís Gomes, livreiro amigo de alguns dos Prosimetronistas, idealizou o magnífico catálogo que será editado pela LeYa (D. Quixote).

Flores 12 - Orchidee

Bom Sábado!
Orquídeas anãs
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Hoje no Palácio da Ajuda

Hoje no Palácio da Ajuda vamos-nos encontrar com a
Imperatriz Zita d'Áustria
e o
Princípe Gregorie Wolkonski.

Esta patente entre 21 de Novembro e 28 de Fevereiro, na Galeria de Pintura do Rei D. Luís, a Exposição Obras de Referência dos Museus da Madeira - 500 Anos de História de um Arquipélago.

Perestrellos Photographos - 19 Maio 1922
A Imperatriz Zita d'Áustria no cais do Reid's Palace (Madeira)

photographia-Museu "Vicentes"

A imperatriz está vestida de viúva, dado que o Imperador, Carlos I, morrera, na Madeira, a 1 de Abril de 1922.

A.S.: Escolhas Pessoais VII

David Mourão-Ferreira

Ensaísta notável, contista e romancista, tradutor escrupuloso, David Mourão-Ferreira (1927-1996) é conhecido, sobretudo, como poeta do amor (…não há dúvida, Amor, que te não fujo / e que, por ti, tão cego, surdo e sujo, / tenho vivido eternamente preso!), amor físico, mas também mental:

HAI-KAI
Nós temos cinco sentidos:
São dois pares e meio de asas.

- Como quereis o equilíbrio
?


A sua poesia estrutura-se, para lá de uma vertente clássica cultural e de um erotismo estético muito trabalhado, numa matriz tradicional que não consegue dissimular, de todo, uma raiz religiosa nem sempre negada. Isto é visível, não só, mas também, em vários poemas sobre o Natal (Cancioneiro de Natal, 1972) que escreveu e que são dos mais belos da língua portuguesa (Ah como se alongava a província Natal/ com distritos de luz dentro do Novo Ano/ Vinha já de mais longe um perfume lunar/ Começava em Novembro a « toilette» dos Anjos…).
A musicalidade dos seus versos ( Tu vens de terras de Holanda, / mas tens a carne morena./ E em vez da serena, branda/ postura que o Norte manda, / teu corpo se desordena/ à carícia, por mais branda…) , a luminosidade mediterrânica , que incorpora toda uma herança greco-latina a que se acrescenta sempre o sinal da modernidade; e uma consciência muito aguda da presença do tempo, em luta constante com a morte – tudo isto são factores constantes na poesia de David Mourão-Ferreira.

Dele escolhi:

LADAINHA DOS PÓSTUMOS NATAIS

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei o Nada a sós comigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do infinito


[P.S.: Com agradecimentos a Pedro Chorão e a António d’Almeida Mattos.]
Post de Alberto Soares (a quem o Prosimetron agradece a colaboração que tem dado).

The Bookshop on the Heath


Foi considerada, no ano passado pelo jornal The Independent, como uma das cinco melhores livrarias da Grã-Bretanha. José do Carmo Francisco enviou um «Instante» sobre esta livraria para a Ler de Novembro (p. 92).
Pode espreitar a livraria em: http://www.bookshopontheheath.co.uk/index.html
The Bookshop on the Heath
74 Tranquil Vale
Blackheath
London SE3 0BW

Erasmo


Hans Holbein - Erasmo de Roterdão
Óleo sobre tela, 1523
Paris, Museu do Louvre


«Comecemos […] por enunciar, com clareza e brevidade, a razão que faz ser-nos querido, ainda hoje – hoje principalmente – Erasmo de Roterdão, esse grande esquecido; ele foi, de facto, de todos os escritores e autores ocidentais, o primeiro europeu consciente, o primeiro “combatente pacifista”, o defensor mais eloquente do ideal humanitário, social e espiritual. E se foi vencido na luta por uma organização mais equitativa, mais racional do nosso mundo espiritual, a sua trágica sorte não faz senão apertar mais os laços fraternais que nos ligam a ele.
«Erasmo amou muito as coisas que nos são queridas: a poesia e a filosofia, os livros e as obras de arte; as línguas e os povos, sem fazer diferença entre os homens, a humanidade inteira, conferindo a si próprio a missão de a educar moralmente.
«Ele não odeia na Terra senão uma coisa, porque ela lhe parece a negação da razão: o fanatismo. [...] Erasmo via na intolerância o mal hereditário da nossa sociedade. Tinha a convicção de que seria possível pôr fim aos conflitos que dividem os homens e os povos, sem violência, por mútuas concessões, porque eles dependem todos do domínio do humano [...]. A liberdade de consciência era para ele uma coisa natural e, aos olhos desse espírito livre, logo que um homem, padre ou professor, subia ao púlpito e começava a ensinar a sua verdade, como se fosse uma mensagem que Deus lhe tivesse comunicado ao ouvido, e só a ele, via aí um atentado contra a divina diversidade do Mundo. [...]
«Pôr harmoniosamente de acordo os contrastes do espírito humano - tais foram a missão e o sentido da vida de Erasmo.»
Stefan Zweig
In: Erasmo de Roterdão / trad. Alice Ogando. Porto: Civilização, 1979, p. 9-12

The Ruler of Spirits!

Carl Maria von Weber (1786-1826)



Overture Carl Maria von Weber Roy Goodman The Hanover Band

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

As ditas Termas

- O Estoril Wellness Center, complexo onde estão integradas as Termas do Estoril.
- Na década de 30

As termas de que falei esta manhã são realmente as Termas do Estoril, junto ao Hotel Palácio, que estiveram desactivadas durante 48 anos e foram agora reabertos os furos, integrado o conjunto termal no Estoril Wellness Center, um complexo fabuloso que além das termas propriamente ditas compreende um spa de luxo. As águas termais em causa, que segundo o que li já eram apreciadas por D.José I , são recomendadas para problemas respiratórios ( asma, rinite, bronquite etc ), reumáticos e dermatológicos.
Meus caros Jad e Filipe, vouchers é que não há, mas pode ser que alguém da empresa veja este post...

A Gaivota!

Quando vinha para casa, depois de deambular na Baixa e de ter passado pela Igreja de Santa Cruz, ouvi esta música que me apazigua sempre...



Se já foi postada, sorry!

Almoço acabado


Au Restaurant le Doyen, Ernest Ange Duiz, Paris, circa 1878.
Mais uma das imagens que ilustra o gosto (Elizabeth Nash & Richard Fox, The pleasure of Love: An erotic guide to the senses, London: Published by Pavilion Books, 1995, p. 83); as outras não posso colocar!

Brie ou Serra?


http://spinneraf.files.wordpress.com/2009/02/brie-photo.jpg

Numa cena do filme Julia & Julie, Julia Child diz à irmã que não há queijo como o de Brie. Acharia o mesmo se tivesse provado um Queijo da Serra?


http://abrigodamontanha.no.sapo.pt/img/queijo.jpg

Bom almoço!

Mais que uma vez...



Depois de ter recebido um e-mail....

Desafio fotográfico II


E esta exótica fotografia de um Príncipe, aqui fotografado com 17 anos! Sabem quem é?
Ajuda: - visita amanhã o Palácio Nacional da Ajuda (Lisboa).

Desafio fotográfico


Esta belíssima foto foi feita pelo fotografo San Payo [não, não é o Sampaio :))](pseud. de Manuel Joaquim Alves). Quem é o fotografado?
Ajuda: já este ano se falou, aqui no blogue, mais de uma vez, do fotografado.

Desenhos Animados: Os Três Porquinhos

"Os Três Porquinhos", de Walt Disney, foi um tremendo sucesso de 1933 (o calendário contava quatro anos de Grande Depressão). Distribuído pela United Artists, teve a sua estreia a 26 de Maio. O sucesso foi de tal forma grande que os cinemas mantiveram o cartoon em exibição durante meses; a canção "Who's Afraid of the Big Bad Wolf?" foi um best-seller, tornando-se uma espécie de hino contra a Depressão (equiparada ao Lobo Mau). Em 1934 conquistou o Óscar de Melhor Filme Curto - Cartoons, e em 1994 foi eleito como o 11º Melhor Cartoon de Sempre.


Um desafio termal ...

São as únicas termas da Grande Lisboa, existem desde o século XVII com notícia de ser seu utente Sua Majestade Fidelíssima D.José I, e estiveram fechadas nos últimos 48 anos. Reabrem ainda este mês. Onde ficam?

Verdades inconvenientes







Miguel Sousa Tavaresem discurso directo e sobre algumas verdades inconvenientes:







Segunda-feira passada, a meio da tarde, faço a A-6, em direcção a
Espanha e na companhia de uma amiga estrangeira; quarta-feira de
manhã, refaço o mesmo percurso, em sentido inverso, rumo a Lisboa.
Tanto para lá como para cá, é uma auto-estrada luxuosa e fantasma. Em
contrapartida, numa breve incursão pela estrada nacional, entre
Arraiolos e Borba, vamos encontrar um trânsito cerrado, composto
esmagadoramente por camiões de mercadorias espanhóis. Vinda de um país
onde as auto-estradas estão sempre cheias, ela está espantada com o
que vê:

- É sempre assim, esta auto-estrada?

- Assim, como? Deserta, magnífica, sem trânsito?

- É, é sempre assim.

- Todos os dias? Todos, menos ao domingo, que sempre tem mais gente.

- Mas, se não há trânsito, porque a fizeram? Porque havia dinheiro
para gastar dos Fundos Europeus, e porque diziam que o desenvolvimento
era isto.

- E têm mais auto-estradas destas? Várias e ainda temos outras em
construção: só de Lisboa para o Porto, vamos ficar com três. Entre S.
Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, não há nenhuma: só uns
quilómetros à saída de S. Paulo e outros à chegada ao Rio. Nós vamos
ter três entre o Porto e Lisboa: é a aposta no automóvel, na poupança
de energia, nos acordos de Quioto, etc. - respondi, rindo-me.

- E, já agora, porque é que a auto-estrada está deserta e a estrada
nacional está cheia de camiões? Porque assim não pagam portagem.

- E porque são quase todos espanhóis? Vêm trazer-nos comida.

- Mas vocês não têm agricultura? Não: a Europa paga-nos para não ter.
E os nossos agricultores dizem que produzir não é rentável.

- Mas para os espanhóis é? Pelos vistos...

Ela ficou a pensar um pouco e voltou à carga:

- Mas porque não investem antes no comboio? Investimos, mas não resultou.

- Não resultou, como? Houve aí uns experts que gastaram uma fortuna a
modernizar a linha Lisboa-Porto, com comboios pendulares e tudo, mas
não resultou.

- Mas porquê? Olha, é assim: a maior parte do tempo, o comboio não
'pendula'; e, quando 'pendula', enjoa de morte. Não há sinal de
telemóvel nem Internet, não há restaurante, há apenas um bar infecto
e, de facto, o único sinal de 'modernidade' foi proibirem de fumar em
qualquer espaço do comboio. Por isso, as pessoas preferem ir de carro
e a companhia ferroviária do Estado perde centenas de milhões todos os
anos.

- E gastaram nisso uma fortuna? Gastámos. E a única coisa que se
conseguiu foi tirar 25 minutos às três horas e meia que demorava a
viagem há cinquenta anos...

- Estás a brincar comigo!

- Não, estou a falar a sério!

- E o que fizeram a esses incompetentes? Nada. Ou melhor, agora vão
dar-lhes uma nova oportunidade, que é encherem o país de TGV:
Porto-Lisboa, Porto-Vigo, Madrid-Lisboa... e ainda há umas ameaças de
fazerem outro no Algarve e outro no Centro.

- Mas que tamanho tem Portugal, de cima a baixo? Do ponto mais a
norte ao ponto mais a sul, 561 km.

Ela ficou a olhar para mim, sem saber se era para acreditar ou não.

- Mas, ao menos, o TGV vai directo de Lisboa ao Porto? Não, pára em
várias estações: de cima para baixo e se a memória não me falha, pára
em Aveiro, para os compensar por não arrancarmos já com o TGV deles
para Salamanca; depois, pára em Coimbra para não ofender o prof. Vital
Moreira, que é muito importante lá; a seguir, pára numa aldeia chamada
Ota, para os compensar por não terem feito lá o novo aeroporto de
Lisboa; depois, pára em Alcochete, a sul de Lisboa, onde ficará o
futuro aeroporto; e, finalmente, pára em Lisboa, em duas estações.

- Como: então o TGV vem do Norte, ultrapassa Lisboa pelo sul, e depois
volta para trás e entra em Lisboa?

- Isso mesmo.

- E como entra em Lisboa? Por uma nova ponte que vão fazer.

- Uma ponte ferroviária? E rodoviária também: vai trazer mais uns
vinte ou trinta mil carros todos os dias para Lisboa.

- Mas isso é o caos, Lisboa já está congestionada de carros!

- Pois é.

- E, então? Então, nada. São os especialistas que decidiram assim.

Ela ficou pensativa outra vez. Manifestamente, o assunto estava a fasciná-la.

- E, desculpa lá, esse TGV para Madrid vai ter passageiros? Se a
auto-estrada está deserta...

- Não, não vai ter. Não vai? Então, vai ser uma ruína!

- Não, é preciso distinguir: para as empresas que o vão construir e
para os bancos que o vão capitalizar, vai ser um negócio fantástico! A
exploração é que vai ser uma ruína - aliás, já admitida pelo Governo -
porque, de facto, nem os especialistas conseguem encontrar passageiros
que cheguem para o justificar.

- E quem paga os prejuízos da exploração: as empresas construtoras?
Naaaão! Quem paga são os contribuintes! Aqui a regra é essa!

- E vocês não despedem o Governo? Talvez, mas não serve de muito:
quem assinou os acordos para o TGV com Espanha foi a oposição, quando
era governo...

- Que país o vosso! Mas qual é o argumento dos governos para fazerem
um TGV que já sabem que vai perder dinheiro?

- Dizem que não podemos ficar fora da Rede Europeia de Alta Velocidade.

- O que é isso? Ir em TGV de Lisboa a Helsínquia?

- A Helsínquia, não, porque os países escandinavos não têm TGV. Como?
Então, os países mais evoluídos da Europa não têm TGV e vocês têm de
ter?

- É, dizem que assim entramos mais depressa na modernidade.

Fizemos mais uns quilómetros de deserto rodoviário de luxo, até que
ela pareceu lembrar-se de qualquer coisa que tinha ficado para trás:

- E esse novo aeroporto de que falaste, é o quê?

- O novo aeroporto internacional de Lisboa, do lado de lá do rio e a
uns 50 quilómetros de Lisboa.

- Mas vocês vão fechar este aeroporto que é um luxo, quase no centro
da cidade, e fazer um novo?

- É isso mesmo. Dizem que este está saturado.

- Não me pareceu nada...

- Porque não está: cada vez tem menos voos e só este ano a TAP vai
cancelar cerca de 20.000. O que está a crescer são os voos das
low-cost, que, aliás, estão a liquidar a TAP.

- Mas, então, porque não fazem como se faz em todo o lado, que é
deixar as companhias de linha no aeroporto principal e chutar as
low-cost para um pequeno aeroporto de periferia? Não têm nenhum
disponível?

- Temos vários. Mas os especialistas dizem que o novo aeroporto vai
ser um hub ibérico, fazendo a trasfega de todos os voos da América do
Sul para a Europa: um sucesso garantido.

- E tu acreditas nisso?

- Eu acredito em tudo e não acredito em nada. Olha ali ao fundo: sabes
o que é aquilo?

- Um lago enorme! Extraordinário!

- Não: é a barragem de Alqueva, a maior da Europa.

- Ena! Deve produzir energia para meio país!

- Praticamente zero.

- A sério? Mas, ao menos, não vos faltará água para beber!

- A água não é potável: já vem contaminada de Espanha.

- Já não sei se estás a gozar comigo ou não, mas, se não serve para
beber, serve para regar - ou nem isso?

- Servir, serve, mas vai demorar vinte ou mais anos até instalarem o
perímetro de rega, porque, como te disse, aqui acredita-se que a
agricultura não tem futuro: antes, porque não havia água; agora,
porque há água a mais.

- Estás a dizer-me que fizeram a maior barragem da Europa e não serve para nada?

- Vai servir para regar campos de golfe e urbanizações turísticas, que
é o que nós fazemos mais e melhor.

Apesar do sol de frente, impiedoso, ela tirou os óculos escuros e
virou-se para me olhar bem de frente:

- Desculpa lá a última pergunta: vocês são doidos ou são ricos?

- Antes, éramos só doidos e fizemos algumas coisas notáveis por esse
mundo fora; depois, disseram-nos que afinal éramos ricos e desatámos a
fazer todas as asneiras possíveis cá dentro; em breve, voltaremos a
ser pobres e enlouqueceremos de vez.

Ela voltou a colocar os óculos de sol e a recostar-se para trás no
assento. E suspirou:

- Bem, uma coisa posso dizer: há poucos países tão agradáveis para
viajar como Portugal! Olha-me só para esta auto-estrada sem ninguém!






2º Workshop Filosofia Prática e Pensamento Crítico


Nos três primeiros dias de Dezembro, o Clube Literário do Porto realiza o seu segundo Workshop de Filosofia Prática e Pensamento Crítico, coordenado por Tomás Magalhães Carneiro. As inscrições estáo limitadas a 20 pessoas.







Clube Literário do Porto
Rua Nova da Alfândega, n.º 22
4050-430 Porto
T. 222 089 228
Fax. 222 089 230
Email: clubeliterario@fla.pt
URL: www.clubeliterariodoporto.co.pt


Flores 11 - Giuseppe Arcimboldo!

Flores de Outono pela mão de Arcimboldo... porque o Outono está quase no fim!

Giuseppe Arcimboldo, Outono, 1573
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Óleo sobre tela, Museu do Louvre, Paris

ONDE ME APETECIA ESTAR - 26 : Villa La Massa




O difícil é não nos apaixonarmos por Florença, e garanto que se viesse o Euromilhões uma parte do ano seria passada na cidade dos Médicis. Li há dias que esta bela Villa La Massa, instalada nas margens do Arno como se vê, ganhou o prémio Villégiature du meilleur accueil et service en Europe. Ou seja, um cinco estrelas bastante especial.
Para os mais abonados e para os mais curiosos, aqui fica o endereço electrónico: http://www.villalamassa.it

Lá fora - 58 : Montezuma em Londres


Em 1502, o príncipe Montezuma, de 34 anos, é escolhido para suceder ao seu tio, o imperador Ahuitzotl, tanto pelos seus feitos guerreiros como pelo conhecimento que tem dos ritos sagrados. Depois de lhe serem cortados os cabelos e receber o manto real e um diadema em ouro, é o próprio que se escarifica e oferece o seu sangue aos deusespara que estes continuem a protegê-lo e ao seu povo. Torna-se então Montezuma II, huey tlatoani, deus e soberano dos aztecas ( embora eles se chamem a si próprios mexicas ). A primeira decisão do novo monarca foi guerrear contra povos vizinhos rebeldes, sendo que os prisioneiros acabaram sacrificados em honra do novo imperador.
O reinado de Montezuma decorreu mais ou menos como os anteriores até ao dia 21 de Abril de 1519, data da chegada de Hernán Cortés à futura Veracruz, acompanhado de 45o soldados, cavalos e armas de fogo. Meses passam até que o chefe espanhol e o soberano azteca finalmente se encontram pessoalmente a 8 de Novembro de 1519, tendo o espanhol já reforçado as suas hostes com vassalos rebeldes a Montezuma. O resto da história já o conhecemos, tendo ela terminado concretamente para Montezuma II a 27 de Junho de 1520, quando ele já mero rei fantoche dos espanhóis se mostra a uma varanda do palácio para acalmar a multidão e é atingido com três pedras na cabeça, morrendo dos ferimentos três dias depois.
Quanto à exposição que está patente no British Museum, ela reúne em torno da narrativa biográfica de Montezuma objectos sagrados, parte do tesouro azteca e iconografia colonial provenientes de museus europeus e mexicanos.
- Moctezuma Aztec Ruler, British Museum , Londres, até 24 de Janeiro.

Cinenovidades - 77 : Cliente


Chegou ontem também às nossas salas este Cliente da realizadora Josiane Balasko com Nathalie Baye e Eric Caravaca nos protagonistas. A solidão da meia idade do lado das mulheres e como alguns euros na era da Internet apaziguam pelo menos parte do problema. O problema é quando os afectos irrompem... Está no Alvaláxia.

Cinenovidades - 76 : Balibar por Pedro Costa

Estreou-se ontem nas nossas salas a sétima longa de Pedro Costa, Ne Change Rien, documentário, digamos assim, sobre a actriz e cantora francesa Jeanne Balibar. Os ensaios, os concertos, as conversas dos amigos que eles são. Está no El Corte Inglés.



Já agora, aqui fica a notícia da reedição de O Sangue, o belo primeiro filme de Pedro Costa agora que se cumprem 20 anos sobre a sua estreia. Só pelos extras vale a pena comprar esta edição da Midas Filmes.

J. V. de Pina Martins

(não sei onde se encontra o original aqui reproduzido)
As três deusas (Cloto, Láquesis e Átropos) que fiavam, dobravam e cortavam o fio da vida.

Tive hoje tristes notícias de um amigo. Átropos presta-se para cumprir a sua missão. O Prof. Pina Martins em breve completará 90 anos (18.01.2010). A Academia das Ciência ainda está a tentar organizar uma sessão de Homenagem para esse dia.

Adão e Eva


Um dos livros comprados hoje tem por título The pleasure of Love: An erotic guide to the senses, de Elizabeth Nash & Richard Fox (London: Published by Pavilion Books, 1995). E uma das imagens que ilustra o gosto (taste, p. 76) é este Adão e Eva, desenho de artista desconhecido (séc. XX).

Paixão

Ó jovem de olhar virginal,
eu te busco, mas tu não atendes,
sem saberes que da minha alma
deténs as rédeas.

Anacreonte (ca 575-490 a.C.)
Trad. Maria Helena da Rocha Pereira
In: Rosa do Mundo. Lisboa: Assírio & Alvim, 2001, p. 428

"The Sculpture of Love and Anguish"

O post de Filipe que foca a primeira película após a II Guerra Mundial, Die Mörder sind unter uns (Os assassinos estão entre nós) fez-me lembrar o arquitecto e escultor Kenneth Treister.
Este escultor foi o criador de uma escultura gigantesca a Mão Memorial: "A Escultura do Amor e da Angústia" em honra das vítimas do Holocausto, criada para o Jardim da Meditação em Miami Beach (1990), na Flórida. Este espaço foi construído graças a um comité de sobreviventes do Holocausto, cidadãos de Miami que quiseram homenagear os que morreram. As flores pululam por todo o espaço escultórico.
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"The Sculpture of Love and Anguish" a apontar para o Céu.
Pormenor da escultura

Ao fundo do corredor a angústia e a morte.
Em nome dos que pereceram.
O espelho da dor.


http://www.holocaustmmb.org/InMemoryOf.html