Prosimetron

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sábado, 21 de junho de 2008

Guilhermina Suggia -concerto de homenagem


A Casa da Música recebe amanhã, 22 de Junho, o violoncelista Steven Isserlis, distinguido por duas vezes com o Prémio Guilhermina Suggia, acompanhado pela Orquestra Nacional do Porto, sob a direcção do maestro Joseph Swensen, actual maestro titular da Malmö Opera och Musiktheater e maestro emérito da Orquestra de Câmara da Escócia, para interpretar o Concerto para Violoncelo e Orquestra de Edward Elgar. Será um concerto homenagem à extraordinária intérprete portuense, aplaudida internacionalmente e conhecida pelos seus fans como a “Paganina”, pelo seu virtuosismo, nascida em 1885 e falecida em 1950, que interpretou a mesma obra pela primeira vez em 22 de Junho de 1933.

O CÍRCULO OSCAR WILDE

O Cercle Oscar Wilde , fundado por Maria Pia de Sabóia e pelo Comandante Paul-Louis Weiller, e presidido actualmente pelo historiador Franck Ferrand admitiu novos membros :
Stéphane Bern, Gonzague Saint-Bris, Yaguel Didier, os editores Patrick de Bourgues e Thierry Billard, e a historiadora Evelyne Lever.
O Círculo reúne artistas e intelectuais que fizeram da sua própria vida uma obra de arte.

DON CARLO no ROYAL OPERA HOUSE de COVENT GARDEN



O Royal Opera House de Covent Garden celebra este ano o seu 150º aniversário. Das novas produções que assinalam o acontecimento, destaca-se o Don Carlo de Verdi na chamada versão italiana “Modena” de 1886 que representa a concepção final em cinco actos após várias revisões feitas pelo próprio compositor. Curiosamente, a mesma obra integrou a temporada que comemorava o 100º aniversário: em 1958, Giulini em tandem com Visconti levariam a cabo uma das mais célebres produções de Don Carlo em toda a história da ópera.
Recuemos ainda mais ao passado: a 4 de Junho de 1867, decorridos apenas três meses após a estreia em Paris (11 de Março desse ano), Don Carlo subira ao palco em Londres.
A ligação do Royal Opera House a Verdi, e a Don Carlo em especial, foi sempre forte. Interessante por isso recordar a presença do Infante de Espanha nesta magnífica casa.

Frederick Gye, director da Royal Italian Opera (assim a designação do Royal Opera House na época), assistira à estreia mundial de Don Carlo em Paris. Pelo preço de £800, adquiriu o direito exclusivo de representação para a Grã-Bretanha e Irlanda. As dúvidas e os receios de Gye aumentavam com o aproximar da estreia. Os registos pessoais de Gye, pertencentes ao espólio das recordações do ROH, dão conta da complexidade de Don Carlo, porventura demasiado “heavy that it will be a failure”. As críticas, no entanto, foram mais benevolentes: “Verdi´s new opera, Don Carlos, in its Italian dress, was brought out at the Royal Italian Opera, on Tuesday evening, with complete success. The theatre was crowded to the doors, and the applause enthusiastic”.
A programação do ano seguinte incluía novamente Don Carlo. Mas 1868 foi marcado por enormes problemas financeiros, e as três récitas da ópera de Verdi agravaram a situação. Segundo Gye, a récita de 6 de Abril terá sido “the worst house we ever had at Covent Garden – only £36 in the house – but it is Passion week”.

Don Carlo voltaria a ser representado em Londres apenas em 1933.

Por ocasião do centenário do ROH em 1958, a direcção decidiu realizar um conjunto de novas produções, dignas deste aniversário especial. Don Carlo era imprescindível. Carlo Maria Giulini dirigia a orquestra; a produção, a encenação e o guarda-roupa ficavam a cargo de Luchino Visconti que optara por uma representação conservadora, "coroada" por dois lobecães verdadeiros "no papel" de fiéis companheiros de Filippo II. Giulini e Lord Harewood, director da ROH da época, reconheciam a dificuldade na escolha dos cantores, em particular para o infante e para Rodrigo (Marchese di Posa). A decisão fora a favor do brilhante Jon Vickers e de Tito Gobbi respectivamente. A estreia de 12 de Maio de 1958 contava ainda com outros ícones do estrelato operático: o lendário Boris Christoff (Filippo II), Gré Brouwenstijn (Elisabetta di Valois) e Fedora Barbieri (Principessa di Eboli).

As críticas foram unânimes. Para Desmond Shawe-Taylor do New Statement, esta produção era "opera as it should be. It is hard to imagine a more splendid celebration of the Covent Garden centenary than the current revival of Verdi's Don Carlos." O Sunday Times aplaudia"Verdi Vindicated".

Don Carlo vive, seguramente, de um elenco de grande craveira. A produção original do Théâtre du Châtelet na versão francesa subiu ao palco em Covent Garden em 1996 sob a direcção de Bernard Haitink. Cantavam e encantavam Roberto Alagna (Don Carlo), José van Dam (Filippo), Karita Mattila (Elisabetta), Thomas Hampson (Rodrigo) e Waltraud Meier (Eboli).

2008 brilha pela sonoridade refinadíssima da orquestra do ROH, dirigida por Antonio Pappano. Rolando Villazón (Don Carlo) eleva-nos com o seu domínio vocal e seu autodomínio cénico. Ferruccio Furlanetto é indescritivelmente magnífico no papel de Filippo. De referir ainda Marina Poplavskaya (Elisabetta), Simon Keenlyside (Rodrigo) e Sonia Ganassi (Eboli).

Última nota: este Don Carlo é coproduzido com a Norwegian National Opera e será a primeira ópera a ser representada em Setembro na nova Oslo Opera House, a primeira casa noruguesa exclusivamente dedicada à ópera e inaugurada no passado dia 12 de Abril com uma gala. Os Noruegueses esperaram cem anos por este acontecimento e, certamente, não serão desiludidos ao ver e ouvir o Infante imortalizado por Friedrich von Schiller.

My Fair Lady na Ópera de Sydney


Estive esta noite a assistir ao musical "My Fair Lady" de Alan Jay Lerner e Frederick Loewe na Ópera de Sydney - por estes lados foi muito controverso que a Ópera levasse à cena um musical, peça menos nobre; até o patrocinador fez anúncios à propos da ousadia (em prol, entenda-se). Curiosamente, a sala estava absolutamente esgotada; hoje havia mais pessoas de traje a rigor que habitualmente e não havia ninguém (que eu visse) de calças de ganga.

É sempre um prazer revisitar "My Fair Lady", nas palavras do New York Times "the perfect musical". A sucessão de "Wouldn't It Be Loverly", "The Rain in Spain", "I Could Have Danced All Night", "On The Street Where You Live",... é um reencontro muito grato. Para quem cresceu com o filme, há uma comparação incontornável com a luminosa Audrey Hepburn e a estridência de Marni Nixon, ou o poder cabotino de Rex Harrison (e para quem viu o musical original na Broadway, a "injustiça" a Julie Andrews também oferece polémica). Embora não façam sombra sobre o meu imaginário, os cantores desta noite estiveram muito bem. Gostei particularmente dos personagens Alfred Doolittle e Mrs Higgins, muito bem conseguidos, porventura mais fortes que no filme. A encenação foi superior e o guarda-roupa não envergonharia Cecil Beaton.

À medida que o musical se foi desenrolando, foi fascinante ver as expressões de felicidade das pessoas à minha volta: ou meneando alegremente a cabeça, ou cantarolando muito baixinho ou, no caso de um senhor de muita idade que estava ao meu lado, segredando recordações à mulher (bem, à senhora que o acompanhava, não há que fazer presunções) e rindo. Não costuma acontecer, pelo menos de forma tão generalizada e expressiva, nas óperas "clássicas".

Por ser na Austrália e o musical tratar de sotaques, achei imensa graça ao comentário de uma criancinha (seis anos? sete?) que estava atrás de mim. Quando a Eliza vocalizou o poderoso "The rain in Spain stays mainly in the plain" no inglês correcto, diz a criança para a mãe - "mas ela disse da mesma maneira..." De facto, o sotaque australiano com o seu twang faz o sotaque cockney parecer Oxfordiano... O catálogo era notável, cheio de informação interessante sobre a passagem de "Pigmaleão" a "My Fair Lady" e à recepção na Broadway (estreado em 1956, bateu o record de longevidade na sua passagem inaugural).
Está em cena até 4 de Agosto.

Envelhecer em Hollywood ...


Vi há dias num dos canais por cabo um muito interessante documentário sobre as estrelas de Hollywood e a cirurgia estética. Lá se falou de Marilyn Monroe ( que só após a operação ao queixo é que teve o primeiro grande papel em Asphalt Jungle ) , Rita Hayworth, Zsa Zsa Gabor e a sua irmã Eva e ainda outras grandes senhoras de Hollywood.
Mais surpreendentes foram as revelações sobre os homens de Hollywood. Mais ou menos contrariados, John Wayne, Gary Cooper, Kirk Douglas, Burt Lancaster, Clark Gable e Sinatra, todos fizeram cirurgias plásticas para atrasar o envelhecimento. E em alguns casos ( Wayne, Cooper e Sinatra) submeteram-se a vários liftings à medida que as décadas iam passando.
Tudo feito na maior "clandestinidade", com cirurgias feitas de madrugada, pouco staff e convalescenças em casas de amigos sob o pretexto de gripes e constipações ou tirar quistos...
E o segredo ia-se mantendo porque os paparazzi não eram o que são hoje, em número e agressividade, e havia uma grande lealdade por parte do pessoal médico.
Aliás, a grande ironia é que a maior parte das estrelas do cinema, tanto ontem como hoje, confessam à imprensa os seus problemas maritais, de droga e alcoolismo, mas são incapazes de confessar as intervenções estéticas, muitas vezes negando ferozmente e ameaçando com a via judicial.
Um exemplo citado foi o de Michael Douglas, que continua a negar qualquer cirurgia plástica...
No entanto, o momento que achei mais comovente foi o depoimento de um cirurgião procurado por Lana Turner, estando esta já pelos sessentas, e que relatou que a grande estrela ao indicar-lhe o que desejava, tirou uma fotografia da sua carteira e disse que queria ficar como se via na fotografia.
A fotografia era a de Lana Turner no auge da sua beleza como Lady de Winter, em Os Três Mosqueteiros , de 1948...

É hoje o feliz enlace




- Os noivos : Diana de Cadaval e Charles-Philippe d'Orléans


- Palácio Cadaval, Évora , local escolhido para a recepção



Sol de Inverno

Hoje celebra-se o solstício de Inverno (no hemisfério sul) - o dia de Sol fez-me recordar Simone de Oliveira, alto bastião da alma Portuguesa:

"Sabe Deus que eu quis contigo ser feliz
Viver ao sol do teu olhar mais terno
Morto o teu desejo, vivo o meu desejo
Primavera em flor ao sol de Inverno

Sonhos que sonhei, onde estão? - Horas que vivi, quem as tem?
De que serve ter coração e não ter o amor de ninguém?
Beijos que te dei, onde estão? - A quem foste dar o que é meu?
Vale mais não ter coração do que ter e não ter, como eu

Eu em troca de nada dei tudo na vida
Bandeira vencida, rasgada no chão
Sou a data esquecida, a coisa perdida que vai a leilão

Sonhos que sonhei, onde estão? - Horas que vivi, quem as tem?
De que serve ter coração e não ter o amor de ninguém?
Vivo de saudades, amor, a vida perdeu fulgor
Como o sol de Inverno não tenho calor
De que serve ter coração e não ter o amor de ninguém?
Vivo de saudades, amor, a vida perdeu fulgor
Como o sol de Inverno não tenho... calor"

Ei-la no Festival RTP da Canção de 1965, que venceu:

Um já-agorismo: se alguém souber onde encontrar as versões de Simone de Oliveira de "Maldita Cocaína" e a sua abertura do "Passa Por Mim no Rossio" de Filipe LaFéria, agradece-se a indicação

Supanova Sydney 2008


Supanova Sydney, a pop culture expo, está decorrer este fim-de-semana no Olympic Park, em Sydney. Mais pequena do que as suas congéneres norte-americanas, está bastante colorida: multidões de personagens da Guerra das Estrelas (incluindo um Darth Vader a rigor e um R2-D2) ou do Senhor dos Anéis, e especialmente de anime e manga. Há um ringue de wrestling, onde lutadores mostram as suas proezas; várias casas de memorabilia, comics e televisão estão presentes. Como artistas convidados estão Nichelle Nichols (a Uhura do Star Trek original dos anos 60), Jewel Staite (a Kaylee de Firefly e Serenity, agora em versão loura), Howard Chaykin (desenhador de Wolverine e Hawkgirl), Kandyse McClure (a "Dee" Duala da nova Galactica), Nicola Scott (actual desenhadora da série DC Birds of Prey) e Ray Parks (o Darth Maul da prequela de Star Wars). Amanhã estará também Jared Padalecki, o actor que faz de Sam Winchester na série Supernatural.
PS - Thanks to PJ who made the visit to the NYCC such great fun earlier this year.

PENSAMENTO DO DIA

" É imoral pretender que uma coisa desejada se realize magicamente, simplesmente porque a desejamos. Só é moral o desejo acompanhado da severa vontade de prover os meios da sua execução. "

- Ortega y Gasset

A casa de Nietzsche


A casa onde nasceu Friedrich Nietzsche e a sua sepultura, situadas em Röcken, perto de Leipzig, correm risco de destruição devido aos trabalhos de companhias mineiras que procuram carvão. O Partido dos Verdes e os habitantes têm lutado pela sua preservação, mas a região tem grandes problemas de desemprego pelo que as autoridades locais não estão muito empenhadas...

HAPPY BIRTHDAY




Sua Alteza Real o Príncipe William of Wales, ou o Príncipe Guilherme de Inglaterra como é mais conhecido entre nós, nasceu no dia 21 de Junho de 1982 , no St. Mary's Hospital, Paddington, Londres.
Foi baptizado no Palácio de Buckingham a 4 de Agosto do mesmo ano, dia do aniversário ( 82 ) da sua bisavó a Rainha-Mãe.
Os seus pais, Carlos e Diana, Príncipes de Gales, deram-lhe 4 nomes : William Arthur Philip Louis. E teve direito a 6 padrinhos :
- Constantino II , Rei da Grécia
- S.A.R. Princesa Alexandra da Grã-Bretanha ( prima direita de Isabel II )
- Norton Knatchbull ( Barão Romsey, filho de Patricia Mountbatten, prima direita do Duque de Edimburgo, filha de Lord Mountbatten, último Vice-Rei da Índia )
- Natalia Phillips ( Duquesa de Westminster pelo seu casamento com Gerald Grosvenor, 6º Duque de Westminster, trineta [morganática] de Nicolau I da Rússia e descendente do grande poeta russo Pushkin)
- Lady Susan Hussey ( 5ªfilha do 12º Conde Waldegrave, viúva de Lord Hussey of North Bradley, é Woman of the Bedchamber da Rainha Isabel II )
- Sir Laurens van der Post ( 1906-1996 ) , herói da Segunda Guerra Mundial, escritor, e "guru" do Príncipe Carlos e de Margaret Thatcher.
O Príncipe Guilherme está actualmente a servir na Royal Navy e especula-se que ainda este ano possa ser anunciado o seu noivado com Catherine Middleton.

Grandes filmes (esquecidos?): 3 - A Place in the Sun


Filme de George Stevens baseado numa história real, "A Place in the Sun - An American Tragedy" narra o encontro (o choque?) entre George Eastman (Monty Clift), parente pobre de um industrial, com a classe a que o seu tio pertence. Por ser da família, George começa a trabalhar na fábrica, onde se envolve com uma operária, Alice (Shelley Winters). Pouco depois, mercê de sucesso na fábrica que o aproxima do círculo familiar, conhece uma menina de boas famílias, Angela (Liz Taylor). Apaixonam-se, e George afasta-se de Alice -- tanto quanto pode, dado que trabalham juntos, Alice está grávida e não está de todo disposta ser descartada. Começa uma vida dupla, dois filmes em rota de colisão: por um lado, com Angela, a quem pergunta (e vou citar de memória): "Why do rich people only marry rich people?", recebendo como resposta "It's the only people we know..." Por outro lado, com Alice, com pressões matrimoniais e uma progressiva chantagem enlouquecedora. George decide livrar-se de Alice, Alice que não sabe nadar, criando um acidente num passeio de barco, no lago. No derradeiro momento, arrepende-se e muda de ideias; como o destino tem um sentido de humor terrível, Alice acidentalmente cai no lago - e morre. Em simultâneo, a par do sucesso na fábrica, é aceite no círculo em que Angela se move. Lugar ao sol de pouca dura: George, que deixara atrás de si uma série de indícios da sua intenção original, é preso...
"A Place in the Sun", top 10 de audiências nos EUA em 1951, foi nomeado para nove Óscares da Academia, tendo ganho seis, incluindo melhor Realizador e Melhor Argumento.
Uma pequena nota de rodapé: a foto do beijo entre Monty e Liz serve de capa ao livro "Hollywood", de David Thomson com as fotografias da Kobal Collection.
PS - Dedicado à minha amiga P., com quem estive imenso tempo ao telefone depois de termos visto pela primeira vez o filme na televisão, e ao meu amigo P., que tem este filme no topo da sua lista de preferências.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Súplica de D. Inês de Castro


O Grupo de Amigos do Museu Nacional de Arte Antiga pediu ao Ministro da Cultura que adquira o quadro Súplica de D. Inês de Castro de Francisco Vieira( 1765-1805) , que irá a leilão na próxima quarta-feira, em Paris. O quadro saíu de Portugal em 1807, levado para o Brasil pela Corte portuguesa. Calcula-se que possa atingir o valor de 200 mil euros.
Que irá fazer José António Pinto Ribeiro ?

E amanhã chega o Verão


O Verão chega amanhã, às 00.59 , quando ocorre o solstício de Verão, e prolongar-se-á até às 16.44 do dia 23 de Setembro.
Aproveitando o solstício de Verão, o sábio grego Eratóstenes foi capaz de determinar o raio da Terra, utilizando as sombras projectadas pelo Sol em dois locais do Egipto e cálculos geométricos muito simples.
A imagem supra nada tem a ver com os antigos gregos ou com os antigos egípcios. É um calendário maia.

Vasco Pulido Valente e as energias

" Cada vez que há uma crise do petróleo, aparece a ortodoxia a proclamar zelosamente duas coisas. Primeira, que temos de pensar a sério na energia solar e na energia eólica. Segunda, que temos de mudar de vida. É uma conversa sem sentido. A energia eólica e a energia solar, no estado actual da tecnologia, não resolvem problema nenhum: cobrem uma pequeníssima parte do consumo e, sobretudo, são caríssimas. Quanto à necessidade, e à urgência de mudar de vida, nunca a ortodoxia explica exactamente o que isso na prática significa: significa um empobrecimento tão extenso e tão profundo que, mesmo num país como Portugal, com a sua miséria e o seu atraso, 80 por cento da população não a suportaria. « Mudar de vida » seria pior do que uma revolução, seria o fim de uma civilização. (... ) "

- Vasco Pulido Valente, Público , 20/06/2008

Não é assustadora a lucidez do Vasco Pulido Valente ?

Crónicas de Itália - V

Canaletto e Bellotto, em confronto.


A Fundazione Palazzo Bricherasio, em Torino [Turim], teve patente, até ao dia 15 de Junho, uma magnífica exposição, comissariada por Bożena Anna Kowalczyk, dedicada a dois dos mais famosos pintores de Venezza: Canaletto [Giovanni Antonio Canal (1697-1768)] e Bellotto, dito “el Canaletto” [Bernardo Francesco Belloto (1722-1780)].

Colocava-se em diálogo/confronto directo a composição, a técnica e o estilo, de tio e sobrinho. Observavam-se lado a lado os quadros que representavam um percurso comum (Venezia). Mostravam-se as influências nos percursos individualizados (Canaletto: Grand Tour pela Inglaterra; Belloto: pela Europa continental - Dresda, Vienna, Monaco e Varsavia, onde vem a morrer).

A tristeza que eu senti ao recordar que três dos quadros de Canaletto que se encontravam em Portugal, pertença de António Champalimaud – Il Bucintoro al Molo il Giorno dell’ Ascensione [O Bucintoro no Molo, Veneza, no Dia da Ascensão], Piazetta e Piazza San Marco –, tinham sido vendidos em Londres, num leilão da Christie’s, (Julho de 2005). Pode ser que um dia voltem...

Aniversário do INSEAD


Em Junho de 1957, três meses depois da assinatura do Tratado de Roma, nasceu o INSEAD, provavelmente hoje a mais internacional das grandes escolas de MBA (Master in Business Administration).

Com campuses em Fontainebleau, França, e em Singapura, possui uma aliança com Wharton, nos EUA, instalações no Médio Oriente e nas Américas. Conta com professores de 30 nacionalidades e alunos de mais de 70, com nenhuma nacionalidade ultrapassando 15% da classe. Antigos alunos não lusos incluem presidentes da BP, da LVMH, da Roche, da MTV, da easyJet, da Dunhill, da Heineken, da Reuters, da Kodak, da Unilever, da BHP Billiton, … além de um realizador de cinema óscarizado em 2006 com “Totsi”, Melhor Filme Estrangeiro.

Portugal tem uma forte ligação a esta escola: o Professor António Borges, ex-Banco de Portugal e ex-Goldman Sachs, foi reitor do INSEAD entre 1993 e 2000. Professores incluem ou incluíram o expoente de Finanças João Amaro de Matos, Luís Almeida e Costa, de Negociação, e Daniel Traça, em Política Industrial. Entre os seus alunos lusos incluem-se António Viana Baptista, que presidiu à Telefónica España e à Telefónica Móviles e António Horta Osório, do grupo Santander, actual presidente do Abbey no Reino Unido.
Em 1997, Portugal era o País que liderava o ranking de "estudantes cujo emprego a seguir ao MBA é no País da nacionalidade", merecendo um comentário jocoso de um dos reitores assistentes que era curioso, para o País que tinha liderado as Descobertas... Em 2007, as estatísticas já tinham os Portugueses no outro lado do espectro: 10 anos. Reflexo do que aconteceu nos últimos 10 anos em Portugal?
Para a instituição aniversariante, votos de continuado sucesso para os anos futuros!

Enrichment through diversity”
INSEAD motto

PENSAMENTO DO DIA

" Se um homem quiser ocupar-se incessantemente de coisas sérias e não se abandonar de vez em quando ao divertimento, fica, sem perceber, louco ou idiota. "

- Heródoto

Acabou o sonho


O Europeu de Futebol era o anti-depressivo que o país andava a tomar nos últimos meses. E assim se ia iludindo, com a excepção da "Maria da Fonte da Camionagem ", a crise em que vivemos. E agora ? Acentuar-se-á a depressão colectiva ?

Para ajudar a planear as férias - Trip Advisor

Antes de tomarmos uma decisão sobre o nosso destino de férias tentamos saber sempre junto de quem conhecemos se já lá estiveram, e na afirmativa o que acharam.
Pois existe um site onde podemos conhecer milhões de opiniões sobre hoteis e locais de férias provenientes de quem já lá esteve. É o Trip Advisor- http://www.tripadvisor.com/

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Crónicas pelo mundo - II

Entrevista com Peter Greenaway.

Embora a entrevista tenha sido publicada em Abril, foi-o em Macau [Hoje Macau, de 03-04-2008], com o título "as pessoas são visualmente iletradas".

Só um pequeno "cheiro", porque o cinema também tem cheiro:

... estamos num momento em que é possível fazer as imagens mais espantosas e manipulá-las de modo muito livre. Logo, o que é preciso é desvalorizar a presença do texto, desvalorizar a evidência da livraria e tentar fazer um cinema verdadeiramente autónomo. André Bazin, em 1923, disse que o cinema é composto por teatro, literatura e pintura. Nós ignoramos a pintura e, cem anos depois, ainda está dependente da literatura e do teatro. Acho que podíamos ter algo de muito mais vibrante. Claro, agora é demasiado tarde: o cinema está morto."
Para ler o texto na integra carregue aqui.

Obrigado M. por mais uma viagem em conjunto.

Jean Arthur


Estava a ver o "Mr. Deeds goes to town" de Frank Capra e lendo as notícias online quando me apercebi que o dia de hoje marca o falecimento da estrela feminina do filme, Jean Arthur, em 1991. Nascida a 17 de Outubro de 1900, Jean Arthur foi eleita "the quintessential comedic leading lady" pelo Turner Classic Movies, tendo sido a estrela em dois outros filmes de Capra ("Mr. Smith goes to Washington" e "You Can't Take It With You", ambos com Jimmy Stewart), em "Only Angels Have Wings", de Howard Hawks e "The Talk of the Town", de George Stevens (ambos com Cary Grant).

Em 1942, foi nomeada para o Óscar de Melhor Actriz com "The More the Merrier", de George Stevens.

Nos dias de hoje é provavelmente mais conhecida pelo seu papel em "Shane", com Alan Ladd, como a mãe do rapazinho que gritava "Shaaane! Come back!" no final (foi aliás o seu maior sucesso comercial, o seu único filme a cores e... o seu último filme).

Jonas Kaufmann uma voz, uma presença

Jonas Kaufmann é uma das vozes de tenor mais conceituadas no panorama musical alemão- e também internacional - contemporâneo. Nascido em Munique em 1966, fez os seus estudos na escola de música dessa cidade, tendo recebido em 1993 o 1º prémio no concurso Nürnberg Meistersinger. Esteve em evidência em interpretações de óperas e em concertos no Metropolitan Opera de Nova Iorque, Opera Nacional de Paris, Lyric Opera de Chicago, na Ópera de Estado de Viena e no Covent Garden.

A cavalo pela Ásia


Catherine de Bourboulon ( 1827-1865 ) , nascida escocesa, educada nos Estados Unidos, mas parisiense pelo casamento com um diplomata francês, passou a maior parte da sua curta vida adulta a viajar: Europa, México e China. Tornou-se uma lenda pela sua beleza, a sua temeridade, a sua curiosidade e também pela morte prematura aos 38 anos.
Em 1860, atravessou a Ásia a cavalo, do Rio Amarelo a Moscovo, passando pelas estepes mongóis. É o seu relato desta fantástica viagem, escrito com elegância mas também com preocupações etnológicas que agora é publicado pela Phébus.
L' Asie cavalière: de Shanghai à Mouscou , Catherine de Bourboulon, Phébus Editions

"The Vatican said Wednesday that it is working on a set of guidelines for what it considers "good cinema.""

Extraordinário.

http://news.yahoo.com/s/nm/20080619/film_nm/vatican_dc_1

SOBRE OS RICOS


Neste livro que adquiri recentemente, embora seja de 2007, ficamos esclarecidos sobre quem são e como são estes novos milionários do século XXI, como vivem, o que compram e como se adaptam ( desde aulas de etiqueta a projectos próprios de filantropia como convém ) .
Escrito com humor, é um verdadeiro tratado antropológico sobre os novíssimos ricos e não nos deixa indiferentes : seja pela indignação, inveja ou fascínio que estas vidas provocam.
Se bem que muitos deles são clientes dos super psis a mais de 500 dólares/hora, ou membros de grupos de auto-ajuda para milionários...
O autor, Robert Frank, é o especialista em ricos do Wall Street Journal desde 2003 e assim descreve a sua vida profissional :
"(...) I immersed myself in their world, hanging around yacht marinas, slipping into charity balls, loitering in Ferrari dealerships and scoping out the Sotheby's and Christie's auctions . I studied up on trust law, high-end investing and the latest trends in charitable giving. I grilled the top luxury estate agents, jet brokers, party planners and resort managers. Mostly, I bothered rich people (...) "
E assim explica o título do livro : " (...) The rich weren't just getting richer ; they were becoming financial foreigners, creating their own country within a country, their own society within a society, and their economy within an economy. They were creating Richistan. "
Richistan- A journey through the 21st Century Wealth Boom and the Lives of the New Rich , Robert Frank, Piatkus Books, 2007 .

Encontros e desencontros

" E o mais curioso é quando entendemos tudo desde o início mas achamos que ainda não é o timing certo, que ainda precisamos de mais uma prova ou outra de que isto não é assim : mais um jantar, mais um cinema, mais umas férias- que eu depois quando vier decido -, mais uma carta, um telefonema, uma mensagem cautelosa- que eu não tenho a certeza-, mais um dia a seguir a outro, mais uma semana em que não nos vemos, mais uma semana que nos vemos sem nos ver, até ao dia em que percebemos que perdemos todo o timing que até aí nos unia. "

- Fernando Alvim, Metro , 12 de Junho de 2008.

Quem se lembra dela ?

" Une belle femme est l'objet le plus beau qui se puisse voir et la beauté, le plus grand don que Dieu ait jamais élargi à la créature humaine. "

- Firenzuola, Discours sur la beauté des dames , 1548 .

Foi uma das " rainhas " dos anos 70 .

Marisa Berenson



Marisa Berenson, top-model e actriz ( Morte em Veneza , Cabaret , Barry Lyndon ) , é neta materna de Elsa Schiaparelli, filha de Robert Berenson, diplomata americano, sobrinha-neta do grande Bernard Berenson e irmã da famosa fotógrafa Berry Berenson- tragicamente desaparecida no primeiro avião que chocou contra as Twin Towers .
Miss Berenson continua ocasionalmente ligada ao cinema e tem desenvolvido acção caritativa através da UNICEF e outras entidades.
Aqui fica, nos seus gloriosos 61 anos.

E passaram 60 dias


Este blogue nasceu há precisamente dois meses, inesperadamente, e fruto de um desejo individual de comunicação, de partilha.
Entretanto, tornou-se um projecto colectivo onde se expressam personalidades bem diversas, com díspares trajectos mas unidas, porém, pela amizade e pela confiança que dela advém.
É um blogue de pendor cultural, no sentido mais amplo do termo, mas despretencioso.
Tem sido e será um espaço de expressão individual, sem agendas, mas onde não haverá lugar para narcisismos e cabotinismos.
Predomina a liberdade, tanto de escrita como de comentário, balizada pela civilizade.

Crónicas de Itália - IV

I costumi di Scena
Homenagem a Callas


[Fato de Alexandre Benois para Maddalegna di Coigny (Andrea Chénier, Giordano); 1955]
[Ulisse Sartini (1943-), Retrato de Callas, óleo sobre tela, Milano, Museo Teatrale alla Scala]


Voltamos, ao Museo Teatrale alla Scala, em Milão, para o rever com mais calma. Na visita anterior, a 16 de Setembro de 2007, fizéramos parte, eu e M., do turbilhão de gente que esgotava o espaço. Nesse dia o mítico teatro de música clássica evocava Maria Callas, lembrando a passagem dos 30 anos da morte da diva de origem grega, nascida, em Nova York, em 1923.
A homenagem, que o la Scala organizou a Callas, foi composta por duas mostras e um filme: “I costumi di scena” [Trajes de palco] (Museo Teatrale); “Immagini dietro le quinte” [Imagens de bastidor] (Ridotto dei palchi “A. Toscanini”); e “Callas Assoluta”, estreia mundial do documentário de Philippe Kohly (Teatro alla Scala).
Continua ainda em cena a exposição dedicada à roupa usada por Callas durante as representações no la Scala. São cerca de uma trintena os vestidos expostos usados pela diva na década de cinquenta. Embora a maioria sejam desenhados e concebidos por Nicola Benois, temos também criações assinadas por Franco Zeffirelli; Alexandre Benois; Piero Zuffi; Salvatore Fiume; Leonor Fini; e Mario Vellani Marchi. Perante cada um tentamos idealizar a personagem. Desde Imogene (Il pirata, Bellini) a Fedora Romazoff (Fedora, Giordano), passando por Elisabetta di Valois (Don Carlo, Verdi), por Lady Macbeth (Macbeth, Verdi), por Rosina (Il barbiere di Siviglia, Rossini), por Costanza (Il ratto dal serraglio, Mozart), e tantas, tantas outras... Sonhamos com a voz de Callas em confronto com a veste.... imaginamos o corpo e a cena.
Vale a pena revisitar o elegante “mundo” de Callas.
As mostras foram acompanhadas pela edição de um maravilhoso catálogo, sob a responsabilidade de Vittoria Crespi Morbio, Maria Callas : Gli anni della Scala, (Allemandi & C.), que integra ainda um disco, La Callas alla Scala, onde se podem escutar trechos das mais memoráveis representações, para além de duas partes de uma entrevista.
“La Diva invade la scena e invade la vita”... fica-nos a lembrança da forma de um corpo de onde saiu uma das vozes mais imortais. A ver, ou rever, até 30 de Setembro de 2008.


...Vissi d'arte, vissi d'amore... (Tosca)

[Em 6 de Setembro de 2007, o Scala ficou ainda marcado no nosso imaginário, por outro acontecimento. Foi lá que, num êxtase de comoção, prestamos homenagem a Luciano Pavarotti, no dia da sua morte, minutos antes de assistirmos ao Don Quixote, numa coreografia de Rudolf Nureyev para a Música de Lugwig Minkus]


quarta-feira, 18 de junho de 2008

Anastasia Romanov


Anastasia Nicolaievna Romanov, a filha mais conhecida do Czar Nicolau II e da Czarina Alexandra, nasceu em 18 de Junho de 1901. Era a mais nova das Grã-Duquesas. Se a sua infância e adolescência foram normais e sem história, pela vida retirada dos filhos do Czar, fechados nos palácios imperiais e privando apenas com os primos mais próximos e membros das grandes famílias da nobreza russa, a sua morte, em 1918, na casa Ipatiev, em Ekatarinbug, juntamente com a Família Imperial e seis servidores que os acompanharam, foi objecto de um grande mistério que nunca ficou completamente esclarecido.
Em 1920, apareceu em Berlim uma mulher que se declarou como Anastasia, salva do assassinato bolchevique por um soldado. Reconhecida por membros da Família Imperial e alguns que com ela haviam privado, negada por outros, apesar de não conseguirem explicar o conhecimento da intimidade familiar que evidenciou, a identidade da suposta Grã -Duquesa – também conhecida como Anna Anderson – nunca foi provada (o Tribunal onde o caso foi julgado disse que não se provou que era nem que não era Anastasia Romanov) e um teste de ADN feito depois da sua morte (porque o corpo foi cremado) a pretensa roupa sua provou que não era quem afirmava, embora contestado por pessoas que afirmaram que essa roupa não seria sua.

Em 1991 foram exumados os cadáveres entretanto descobertos em Ekatarinburg e sepultados na Catedral de S. Pedro e S.Paulo, em São Petersbugo, com a desaprovação da Igreja Ortodoxa Russa, que duvidou da veracidade dos restos mortais, já que dos onze, só apareceram nove, faltando nomeadamente a do Czarevich Alexei e o de uma das Grã- Duquesas. Os restos, calcinados, terão sido descobertos e identificados em Agosto de 2007, como sendo Alexei e Maria. Mesmo assim as dúvidas persistem. O corpo de Anastasia, que jaz na capela de Sta. Catarina, media 1,70 m, quando se sabe que era uma das mais baixas filhas de Nicolau II.

MARIA KODAMA E SARAMAGO NA BNP


Aqui fica a notícia, com um agradecimento à Manuela Rêgo, Coordenadora das Actividades Culturais da Biblioteca Nacional de Portugal.

Noite de Santo António


Em resposta ao desafio do Luís e do João


O cheiro do manjerico
faz-me lembrar tua boca
e a lembrança com que fico
é dessa noite tão louca.

CENAS PORTUGUESAS : 4 - Os do 28

O eléctrico nº 28 faz um percurso especialmente atractivo para os turistas estrangeiros que visitam Lisboa, e por isso mesmo tem sempre outro tipo de passageiros : os carteiristas.
Há vários grupos de carteiristas e um deles tem um modus operandi bastante sui generis: trata-se de um trio, um casal jovem e um homem mais velho, este sempre com uma bolsa a tiracolo e um casaco por cima da bolsa. Enquanto o rapaz e a rapariga se aplicam em cenas de intensa "marmelada", assim distraíndo os turistas, o terceiro elemento aproveita para ir " aliviando " as carteiras de quem está junto dele , arrumando-as na dita bolsa a tiracolo, com uma grande rapidez, qual Houdini do gamanço.
Vale a pena andar no 28, mas não se distraia com a "marmelada " alheia...

CONGRESSO INTERNACIONAL DO FADO

Começa hoje e prolonga-se até dia 21 de Junho o Congresso Internacional do Fado, organizado pelas Universidades Nova e Católica de Lisboa e pelo Museu do Fado. Participam, entre outros, Carlos do Carmo, Maria da Fé, Rui Vieira Nery e visa-se aprofundar a investigação sobre este género musical.

AS 65 HORAS SEMANAIS



O Conselho Europeu dos ministros do Trabalho e dos Assuntos Sociais aprovou recentemente uma proposta de directiva, que permite aos Estados-membros alargarem o limite do horário semanal de trabalho até às 65 horas, contra as as actuais 48 horas.

Lembro-me de ler durante anos as previsões sobre a vida no ano 2000 e todas elas assentavam na premissa de que com as novas tecnologias, designadamente a robótica, os homens trabalhariam cada vez menos horas, ficando com mais tempo para o lazer e para a família.

A verdade é que, por mais avanços tecnológicos que temos visto nas últimas décadas, com a Era do Computador, a Internet, o teletrabalho, parece que estamos precisamente a caminhar na direcção oposta . Aquilo que era a imagem de marca do Velho Continente - o chamado Modelo Social Europeu- está a ser progressivamente desmantelado, sendo o último exemplo esta assombrosa perspectiva de 65 horas semanais.
Acabaremos a adoptar os modelos asiáticos de muitas horas e baixos salários?
Amigos mais pragmáticos, logo me disseram sobre esta medida : "É a globalização"
Mas se estes são os frutos da globalização, até onde estamos dispostos a ir?

Petits morceaux de bonheur: 3 - iPods from outer space


Hoje de manhã, ao atravessar uma avenida larga que faz de marginal ao cais de Woolloomolloo, em Sydney, dei por mim a reparar nos meus três ou quatro companheiros de travessia – estávamos todos com os incriminatórios fiozinhos brancos a entrar no cérebro. Estávamos todos com um ar de satisfação com a companhia matinal (no meu caso, era Burt Bacharach). Surpreendido, fiquei a pensar qual seria a ideia com que ficaria um habitante do planeta terra dos anos 50 (foi uma imagem bastante Douglas Sirk – ou Todd Haynes direccionada, confesso). Creio que ficariam estupefactos por verem os seres humanos com fiozinhos ligados ao cérebro e foi há tão pouco tempo!

Já que parece ser um fenómeno universal, ao menos que alinhemos pelo modelo (red): sempre se contribui para causas humanitárias. Ninguém vai saber – excepto o portador.

Jean-Luc Nancy : Sobre a poesia - 1


" (...) De modo correlativo, a poesia nega que o acesso possa ser determinado como um entre outros, ou como um em relação a outros. A filosofia aceita que a poesia seja uma outra via (e, por vezes, a religião) . Descartes pode escrever, inclusivamente : « Existem em nós sementes de verdade : os filósofos extraem-nas pela razão, os poetas arrancam-nas pela imaginação, e elas brilham então com maior esplendor. » ( citado de memória ) . A poesia não aceita nada de recíproco. Ela afirma o acesso absoluto e exclusivo, imediatamente presente, concreto, e enquanto tal imutável . ( Não estando na ordem dos problemas, não existe também diversidade de soluções.) "
- Jean-Luc Nancy , RESISTÊNCIA DA POESIA , trad.port. de Bruno Duarte , Vendaval , 2005 .

Aroma destes dias


- ocimum minimum , que é o popular manjerico.

In Memoriam Cyd Charisse

As mais belas pernas do cinema.

Faleceu Cyd Charisse. Nascida em 1921, Tula Ellice Finklea ficou universalmente conhecida sob o nome artístico de Cyd Charisse pela sequência de dança "Broadway Melody" com Gene Kelly em "Singin' in the Rain". Dançarina no Ballet Russe, entra no mundo do cinema em 1943, dançando com Don Ameche. Assina com a Metro-Goldwyn-Mayer e actua pela primeira vez em 1946, em "The Harvey Girls", com Judy Garland. A imortalidade surge em 1952 com a sequência em "Singin' in the Rain"; virá a contracenar com Gene Kelly outra vez em "Brigadoon" (1954) e "It's Always Fair Weather" (1956). Em 1953, actua com Fred Astaire em "The Band Wagon" e novamente em "Silk Stockings", de 1957. Neste período, a MGM chegou a anunciar ter segurado as pernas de Ms. Charisse em um milhão de dólares (mais tarde a própria Charisse admitiu tratar-se de uma manobra publicitária do estúdio). Retira-se no final dos Anos 50, continuando a aparecer em musicais (estreia-se na Broadway em 1991) e na televisão.
Apesar de normalmente preferir as fotos de rostos expressivos (talvez invocando a Norma Desmond de "We had faces!"), neste caso é inevitável a excepção para as "miles of legs" de Ms. Charisse.



Sequência "Broadway Melody" de "Singin' in the Rain"
-- Gene Kelly e Cyd Charisse
PS - Obrigado ao João Mattos e Silva.

AFI 10 Top 10

O American Film Institute anunciou na noite passada a mais recente das suas séries “AFI… 100 Years”, que desde 1998 celebra o centenário da 7ª Arte. A eleição desde ano incidiu sobre os 10 Top 10, ou seja, os dez maiores (greatest, no original) filmes da história do cinema em dez géneros clássicos (cá está a celebração do classicismo da pop art, mais uma vez). A própria definição de “os maiores” cabe a cada um; não se trata de os melhores, nem os mais premiados, pelo que a avaliação por artistas e líderes da indústria compilada pelo Instituto terá o mesmo valor subjectivo de, por exemplo, … um Óscar. Adicionalmente, o método de selecção faz com que haja um peso maior da memória recente; é difícil expurgar o peso relativo de quem viu os filmes no cinema, ou seja, da “geração actual”, dos filmes dos últimos 30 anos.

Os dez géneros sob escrutínio foram: animação, fantasia, ficção científica (sim, separado de fantasia, uma vitória de reconhecimento para os géneros), desportos, western, gangster, mistério, comédias românticas, dramas de tribunal e épicos. Uma escolha aliás hábil, que lhes permite evitar contradições com eleições feitas em anos anteriores (por exemplo musicais, comédias, thrillers), permitindo assim manter uma visão única do gospel da verdade única do cinema (mais ou menos, como se verá).

A lista dos 100 vencedores pode ser consultada no site do AFI; vou deter-me apenas em alguns dos vencedores que me foram cativando a atenção.

Em animação, o #1 foi para “Branca de Neve e os Sete Anões”, de 1937, a primeira longa-metragem de animação. Pioneiro, mantém-se actual e fez nascer o género, parece-me uma justa homenagem. O pódio foi completado por “Pinóquio” e “Bambi”. Entre os dez, cinco filmes recentes: “Toy Story”, “A Bela e o Monstro”, “Shrek”, “Finding Nemo” e “O Rei Leão”. Destes, provavelmente guardaria “A Bela e o Monstro”, até porque fez renascer o género.

Fantasia: #1 – “O Feiticeiro de Oz”, seguido pela primeira parte de “O Senhor dos Anéis” e por “It’s a Wonderful Life” de Frank Capra, actualmente a quinta-essência dos filmes de Natal. Excelente pódio; alguns dos outros laureados entram no inenarrável, pelo que espero que desapareçam na geração seguinte.

Em ficção científica, “2001 – Odisseia no Espaço” ocupa o número 1. Curiosamente, na lista dos 100 melhores filmes elaborada em 2007, era ultrapassado por “A Guerra das Estrelas”, que aqui ocupa o segundo lugar. Eu por mim mantenho “A Guerra das Estrelas” no topo e juntava-lhe “Blade Runner – Perigo Iminente”, que está em sexto, e “Gattaca”, que não entra na lista. Mas enfim. A lista não está mal.

Em desportos, nada particularmente interessante (em sintonia com o género) – o #1 é o “Raging Bull” de Scorsese, com Robert de Niro, sobre a vida de Jake LaMotte.

No primeiro género über-norte-americano, western, venceu “The Searchers – A desaparecida”. Muito bem. A lista ainda inclui outros dos meus favoritos, “Red River”, “Stagecoach” e “Shane” (vá lá, para não serem todos com John Wayne), pelo que encantado.

No segundo género über-norte-americano, gangsters, “O Padrinho” lidera e “O Padrinho – Parte II” também está no pódio, com ambos os “Scarface” na lista.

Na categoria mistério, “Vertigo” lidera (são quatro ao todo os filmes de Hitchcock, embora não os que eu escolheria), com sorrisos inevitáveis à presença de “Laura” de Otto Preminger e “O Falcão de Malta” de John Huston.

Nas comédias românticas, uma surpresa: “City Lights”, um filme mudo de Chaplin, lidera. A resposta tradicional, “It Happened One Night” de Frank Capra, o primeiro vencedor dos “Big 5” da Academia, está em terceiro lugar. “Annie Hall” de Woody Allen tem a medalha de prata. A presença de “Adam’s Rib” e “The Philadelphia Story” vai-me forçar a rever a lista dos grandes filmes esquecidos – claramente, não o estão! Senti a falta de Pretty Woman (deve ser o efeito geracional a funcionar ao contrário...)

Nos dramas de tribunal (über-norte-americano?), “To Kill a Mockingbird”, o filme do maior herói do cinema americano, Atticus Finch (interpretado por Gregory Peck e mui justamente homenageado pelo Filipe há uns dias) é o número 1. Pela previsibilidade de alguns dos anteriores, pensei que ganharia “12 Angry Men”, com Henry Fonda: ficou em segundo.

Por fim, épicos. Tive pena de não ver a apresentação na CBS, mas cai a meio do dia seguinte na Austrália. O apresentador foi Kirk Douglas. O horripilante “Titanic” entrou na lista – esperemos pela próxima geração para ver se sai… “E Tudo o Vento Levou” ficou em 4º lugar (embora na lista dos 100 filmes ultrapasse este #1). E quando tudo parecia perdido (ou seja, que “Ben-Hur” ia ser o #1 – está empatado com “Titanic” no maior número de Óscares da Academia), eis que o vencedor foi o excelente “Lawrence da Arábia”. Ora ainda bem. Mas como não podia deixar de ser, “Ben-Hur” ficou em segundo… Estranhei a ausência do “Dr. Jivago” - mas pelo menos escapámos aos Mel Gibsons.

All in all, um pouco previsível, mas uma trip down memory lane divertida e com algumas boas ideias para rever certos filmes.

terça-feira, 17 de junho de 2008

SINCRONICIDADE

" (...) Filho de uma actriz famosa na época, Gustav Meyer, que viria a alterar o seu apelido para Meyrinck, nasceu em Viena em 1868. Morreu em 1932, em Starnberg, na Baviera, na margem de um lago, quase à sombra dos Alpes.
Meyrinck acreditava que o reino dos mortos penetrava no mundo dos vivos e que o nosso mundo visível era incessantemente invadido pelo outro mundo, invisível. "

- Jorge Luís Borges, Introdução a O Cardeal Napellus , de Gustav Meyrinck,trad.port. de Maria Jorge Vilar de Figueiredo, Editorial Presença ( Biblioteca de Babel ) , Lisboa, 2007 .


Depois percebi porque é que os meus olhos se detiveram neste volume. Sábado passado, 14 de Junho, era o aniversário da morte de Borges, um dos deuses do meu panteão literário.
Ao reler as palavras de Borges sobre Gustav Meyrinck, vejo pela primeira vez a coincidência : Meyrinck a morrer junto ao lago de Starnberg, o mesmo lago bávaro onde morreu Luís da Baviera num dia 13 de Junho, um dia antes de Borges embora com várias décadas de permeio.
Claro, não há coincidências, é esse mesmo o sentido da sincronicidade...
Já agora, se alguém conhecer uma tradução inglesa, francesa ou castelhana de Das grune Gesicht do Meyrinck, agradeço que me informe. Há anos que tenho essa leitura adiada.

Aqui fica, para dar uma amostra do estilo de Meyrinck, um excerto do livro introduzido por Borges e acima citado :

" Nos meus vales, existe uma seita religiosa denominada os Frades Azuis; quando um deles sente aproximar-se o fim, faz-se sepultar vivo. O convento ainda existe; por cima do portal, está o brasão esculpido na pedra: uma flor venenosa com cinco pétalas azuis, e a pétala superior parece o capuz de um monge. É o aconitum napellus ou napelo azul .
Era ainda um rapaz quando me refugiei na ordem dos Frades Azuis e era quase um velho quando a abandonei.
Dentro dos muros do convento, há um jardim onde, no Verão, floresce um canteiro repleto dessas mortíferas plantas azuis , que os monges regam com o sangue das chagas abertas pelo cilício. Quem passa a fazer parte da comunidade tem de plantar uma dessas flores, que recebe como no baptismo o nome do neófito. "

ACABEI DE LER


Este Último Evangelho é mais uma obra de ficção de David Gibbins, autor de Atlantis e Crusader Gold , reputado arqueólogo subaquático, e um dos maiores peritos mundiais em naufrágios e cidades sumersas.
Tal como nas obras anteriores, Gibbins cruza o conhecimento histórico com a sua fértil imaginação ( talvez em excesso na parte crística mas é o zeitgeist em que vivemos ) , tudo ligado por um bom ritmo narrativo.
Herculano ( e a famosa Villa dos Papiros, cuja réplica do nosso tempo é a Villa Getty em Malibu,Califórnia ) ; Cláudio, imperador-escritor , tio e sucessor de Calígula ; o protoenciclopedista Plínio; as Virgens Vestais ( fiquei a saber que a última, Coelia Concordia, morreu em 394 ! ) ; S. Paulo e os primórdios do cristianismo, e até Boudica, Rainha dos Icénios, são os ingredientes desta trama que se espraia pela história do Ocidente.
Uma vez mais, o protagonista é Jack Howard, especialista em arqueologia subaquática, acompanhado por alguns dos seus companheiros de aventuras anteriores.
The Last Gospel , David Gibbins, Headline, 2008.

Crónicas pelo mundo

Terça-feira, 17 de Junho de 2008. Um dia de trabalho intenso! Aproveito uma pausa... para me refrescar e mudar de roupa. A noite vai ser longa e só vou conseguir viajar pelo meu interior. O meu companheiro de viagem segredou-me a história da sua viagem:
... Seguindo o mapa saí da povoação por uma estrada que havia ao lado da sua casa. Depois apanhei a 247, perdendo-me várias vezes, até que cheguei ao Convento dos Capuchos. Estava fechado e com aspecto abandonado. Nem um carro, nem uma alma. Só se ouvia o rumor dos riachos, o canto dos pássaros, o movimento das folhas das árvores. Toquei à campainha que havia junto a uma porta desengonçada, mas não apareceu ninguém, de modo que decidi dar um passeio pelo bosque. Cheguei, depois de me perder na direcção norte, a um lugar húmido de abundante arvoredo, onde havia fetos secos ao lado de outros verdejantes. ... Parecia um botânico a auscultar plantas... Os feixes luminosos davam um certo mistério ao bosque... Senti medo e voltei de novo ao convento. Quando cheguei vi um homem à entrada, que era, afinal, um frade capuchinho, mas sem sotaina, e que me sorriu e convidou a entrar. Disse-me que o convento devia estar fechado durante o tempo que durasse a restauração. Andavam assim há três anos e ainda não tinham começado as obras, de modo que tinha decidido abri-lo a pessoas que o solicitassem. Informou-me, então, que o convento tinha sido construído em 1560. Perguntei-lhe porque eram as celas dos monges tão pequenas e como resposta sorriu-me. As salas eram escavadas na rocha e as suas portas baixíssimas, como se aqueles clérigos fossem na realidade gnomos da floresta. Ele não respondia a algumas perguntas. Fazia-se surdo quando não queria responder, só se referia ao que era convencional e enunciava as respostas que sabia por pura lógica. Limitava-se a dizer as frases típicas, as lendas que aparecem em todos os guias portugueses. Mostrou-me o refeitório, a cozinha e os aposentos. Era tudo austeridade, pobreza e abandono de bens mundanos. Contou-me que o próprio Filipe II, quando foi rei de Portugal, disse que tinha no seu reino o convento mais rico e o mais pobre: o Escorial e os Capuchos. Eu observava de uma maneira convencional, como quem não espera nada porque só aguarda que o tempo passe rapidamente e não presta muita atenção à realidade presente. Mas na passagem de um recinto para outro, justamente ao chegar ao refeitório, comecei a ficar com pele de galinha. Parei. Os pêlos dos braços pareciam esticar-se como se um íman os atraísse para as pedras das paredes. Senti um calafrio que saía da minha garganta e que descia pela minha coluna. O capuchinho que me guiava e que me ia contando histórias sobre o seu convento parou de repente e começou a observar-me. Andou à minha volta e perguntou-me:
- E tu quem és? ...

- E eu quem sou?

[O meu companheiro de viagem é Antonio Rodríguez Jiménez, A Alquimia do Unicórnio, Lisboa, Vega, 2007]

Os melhores fingidores...




En el programa 'el hormiguero' querían comprobar quien finge mejor, si los hombres o las mujeres, así que para comprobarlo hicieron un casting con niños/as que comían un yogur lleno de sal (sin ellos saberlo) y tenían que decir algo así como 'Yogures glotone, ¡Qué ricos!'.

Merece la pena verlo; aquí os dejo colgado el vídeo de ambos, y a vuestra elección decidir quien finge mejor...

(VIDEO NIÑOS) http://youtube.com/watch?v=GtgNMqLDxPA
(VIDEO NIÑAS) http://www.youtube.com/watch?v=1NlPjpsSco8


Agradeço o envio destes videos a Maria Tecla Portela Carreiro, minha amiga e grande amiga de Portugal.




Grandes filmes (esquecidos?): 2 - Gaslight

"Gaslight", de George Cukor, narra a descida de uma mulher para a loucura (verdadeira ou falsa, com a fronteira a esbater-se lenta mas inexoravelmente como uma corrente subterrânea).

Paula Alquist (Ingrid Bergman) é a sobrinha e herdeira de uma cantora de ópera inglesa que é assassinada na casa em que ambas vivem, numa square de Londres. Viajando para Itália para esquecer o choque e seguir as pisadas da tia no mundo da ópera, conhece e apaixona-se por Gregory Anton (Charles Boyer), com quem casa. Ao regressar a Londres para a mesma casa de Thornton Square, começa a ficar "esquecida"... peças perdidas, memórias trocadas, passos que se ouvem num sótão trancado, quadros que desaparecem e candeeiros a gás cujas chamas bruxuleantes criam sombras misteriosas, um relógio roubado... No meio de dias e noites que se tornam progressivamente mais estranhos, com uma Paula mergulhada em self-doubt, estão um marido incomodado, que começa a isolá-la de terceiros para a proteger, um inspector da polícia (interpretado por Joseph Cotten), uma criadita (estreia triunfal de Angela Lansbury) e uma vizinha metediça (uma luminosa Dame May Whitty).

O redemoinho torna-se inescapável - até ser desvendado. Poderia ter sido Hitchcock, mas foi George Cukor, o "realizador de mulheres", que dirigiu este entrecruzar de tramas entre tia, sobrinha, criada, inspector e marido para um climax notável. Criou-se uma expressão para este thriller psicológico: "gaslighting".

Nomeado para 7 Óscares de 1944, incluindo Melhor Filme, ganhou dois: Ingrid Bergman como Melhor Actriz e Direcção Artística (Preto e Branco).

"If only I were not mad, I could have helped you..."
Paula Alquist Anton

SAVAGE GRACE

Quando chegará cá o mais recente filme de Tom Kalin, SAVAGE GRACE ? Para quem ainda não está ao corrente, o filme trata do sangrento caso Barbara Daly Baekeland que agitou o final do ano de 1972. Um crime no jet set envolvendo o clã Baekeland- Barbara, de origens humildes e casada com Brooks Baekeland, herdeiro dos Plásticos Bakelite, e o filho de ambos, Tom Baekeland, homossexual para grande desgosto do pai. Pelo que tenho lido, Julianne Moore e Eddie Redmayne, que interpretam Barbara e o seu filho Tom, oferecem interpretações deslumbrantes.

ONDE ME APETECIA ESTAR - 3 : Tschuggen Bergoase












Acordei hoje de tal forma "partido" que pensei para comigo: "o que eu não daria para ter acordado em Arosa, na recepção do Tschuggen Bergoase, e passar o dia deambulando por esse maravilhoso spa ".
Sonho com este spa desde o dia em que ouvi falar dele. É uma maravilha arquitectónica que acalma o espírito, o que é já meio tratamento. E o corpo deixa-se ir, nestes quatro pisos com piscina, sauna, banhos turcos, banhos de gelo, sala de meditação, suítes com jacuzzi,salas de massagens e até uma caverna-duche onde é simulada a queda de água pluvial com emissão simultânea de fragrâncias que vão variando conforme as estações .
São 5ooo m2 de paraíso, praticamente escavado na montanha, sem invasão da paisagem porque quase todo subterrâneo, mas com uma luz fornecida pelas velas de 15m de altura, visíveis numa das fotos, construídas em vidro e titânio-zinco e que captam e filtram a luz conforme as necessidades. A ligação ao hotel é feita por uma passarela de vidro conforme se vê na foto.
Compreende-se pois o custo da obra- 20 milhões de euros.
Este spa é uma criação do grande arquitecto Mario Botta, e fica anexo ao Tschuggen Grand Hotel, na estância de esqui de Arosa, perto de St.Moritz, Suiça.
O nome adequa-se na perfeição - "Bergoase" significa "Oásis da Montanha ".